Humberto
Mello escreveu, “... não sou mais/um ser/
que pensa / sou um ser que sente e sonha /um ser que transborda”. Somos
responsáveis pelos quantos... Será que há maneira de atenuar o impacto do
“quantos”? A solução está em nossas mãos, porque criamos a necessidade do
“quanto mais melhor”, isto faz com que a vida pareça misteriosa e atraente. Posso
encontrar o melhor momento para refrear ou resolver os “tantos quantos”? Helena
Rotta de Camargo demonstra, “É preferível
ter um só amigo verdadeiro, a colecionar uma multidão de amigos falsos”.
Considero “quantos” o grande desafio
que surge entre a coragem para o que precisa ser aceito, como analogia da vida,
em que há muitos momentos para reconhecer: quantos amigos jogamos fora; quantos
segredos guardamos; quantos livros não abrimos; quantos dias são para sempre;
quantos poemas deixamos de ler; quantos passos recuamos; quantas coisas não
conseguimos fazer sozinhos; quantos amores juramos para sempre; quantas vezes
julgamos as pessoas; quantos nomes chamamos na espera; quantos atos tem o amor;
de quantas linguagens somos feitos; e juntos, quantos somos? Em Pedro Du Bois, “tantas respostas // perguntas // O que
dizemos/a quem enganamos/no que tentamos acreditar//inúmeras respostas //
perguntas”.
Há
sempre teorias para decifrar o que seria produtivo para melhorar a vida.
Quantos... É forte, porque representa muitas opções, o que pode dificultar as
atitudes para desenvolver o conhecimento e identificar a verdade. Pois, quanto
mais, menos compreendo e mais diferenças surgem sobre o fato. Ainda assim
hesito no redobrar a atenção para com a quantidade e o fato, o que me leva a
entender que, para me conectar com o mundo, às vezes, é necessário admitir que
mais seja menos, como expressa Du Bois, “o
jogo / em que as imagens / se refletem: na exaustão / me incorporo / em mais um
dos tantos reflexos”.
Hora
de fazer a conexão entre o cotidiano e o conteúdo, para diminuir as múltiplas
opções e, assim, revelar o nosso estilo de vida.
Quantos...
representa muitas funções ao mesmo tempo, o que gera insatisfação e dúvida em
situações onde é para haver a certeza que já contempla a responsabilidade pelo
controle dos acontecimentos.
Quantos...
revela a realidade crua e nua, onde para tudo é exigido concentração, sem
tolerar reclamações.
Reconheço
a importância de se viver tempos de retirada, para refletir sobre o que desejo,
sem a preocupação de a decisão ser sim ou não; preto ou branco; frio ou quente;
pequeno ou grande; isto ou aquilo; ouro ou prata; passado ou presente. Somar-se
na integridade, por que pois, mais vale o SER do que o TER. Nas palavras de
Silvio Ribeiro Castro, “Uma vida só não
basta / vida real, pelo menos duas / ou três / vidas da imaginação / mil de
cada vez // Um sonho só é pouco / e se de repente / acabar? // Sonhos tantos
quanto as estrelas / que nem se ousa contar...”
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário