A foto sorri. Traça um sorrir sem delineamento conclusivo de que seja o sorrir para quem o olha. Teu sorriso vem do fundo dos tempos onde dois era para ser um, mas um não queria que fossemos dois. Vem e lanceta a pele do momento causando angústia quase que provocativa.
Sorri a foto. Risca o tempo com um traço
obscuro que se funde em lembranças difusas, se faz presente no sorriso captado
pela câmara fotográfica. Imóvel seu sorrir risca profundo corte na pele oculta
onde a face macerada tenta esconder as cicatrizes.
No entanto, querendo ou não, o sol brilha
ofuscando os olhos de luz morna e suave. Percorre, em passos lentos, mas
decididos, os lugares por onde andarilhos, sem medo, passeavam. E tantos foram
os lugares que, um a um se desvaneceram, sem que percebêssemos que o futuro
estava ali e não no amanhã. Corríamos diversos perigos, físicos, abstratos e
intelectuais por não saber como deveria cada passo nos conduzir, já que um mais
decidido que o outro, nunca se adiantava para mostrar o caminho certo.
Abalroado por sentimentos nada
esclarecedores, tombávamos com a imbecilidade egocêntrica e tímida sem
conclusão certa. Mesmo assim, teimávamos num ponto que, talvez pudesse ser o
fim de tudo, e, no entanto, não sabíamos que era apenas o começo de todo o fim.
E, assim foi não sei se para o meu desconforto, não sei se foi para o seu contentamento, a distância separou nosso destino cabendo cada um o seu. A partir do momento em que nossa decisão foi tomada, sigo meu destino pisando feridas em pedras de espinhos que dilaceram minha carne. O que não quer dizer que seja saudade, não é, eliminei a saudade do meu peito, em substituição carrego a esperança morna de um dia ter novamente em meus braços, quem um dia deixou de me amar.
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