1
No silêncio dos passos
Não descarto o perigo
Leva-me o desatino
Reduzindo o que sinto
A palavra transporto
Na mochila eternidade
O sentimento disperso
Pelos cantos da cidade
Não choro as perdas
Recolho os danos
Costuro-os no pano
Da pele como fardo
Da tristeza espalho
A semente daninha
Na rua praça esquina
Sem mudar minha sina
Não dou à mínima
Para mágoa raiva
Ódio dúvida e dor
Resvalo sem pudor
2
Quebra-se o encanto
A mídia maravilhada
A câmera deflagrada
Revela o fútil espanto
Os fãs a chorar o morto
Em show de realeza
Como se fosse santo
Ao espetáculo circense
Tudo é permitido chorar
Rir cantar até o nonsense
Da pantomima televisada
3
A vida vou levando
Dia após dia interrupto
Manhã após manhã
Minuto após minuto
Jubilo-me agraciado
Por viver neste afã
E não ser idolatrado
4
Vivo a mundana vida
Costurando feridas
Pagando as dividas
Em datas previstas
E proibido ou não
Prazeres vou curtindo
Saciando-me de vícios
Trilhando caminhos
Até alcançar o ideal
Infinito sem regras
E sem prioridades
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