O cara quer reinventar a roda… desde que o mundo é mundo que toda roda é quadrada. Cada louco que me aparece! Mas esse aí foi demais, uma roda redonda. Fazer o que com isso, me fala?
É como o meu velho dizia, e tava pra lá de certo: uma mente vazia é uma oficina do capeta. O sujeito é desocupado e fica aí cheio de ideia destrambelhada, caraminholando coisa que não vai dar certo. É aquela ânsia de querer mudar por mudar, e acaba estragando o que é simples, funcional e inteligente do jeito que sempre foi.
Vê se tem cabimento um negócio desse. Pra encarar uma subida, empurrando a carriola, concordo que até é capaz de ficar um pouquinho mais fácil. Mas vai descer com um troço desse… imagina só, o carrinho desembesta e não tem como parar! Com a roda quadradinha é muito mais seguro, não é à toa que foi pensada pra ser desse jeito e assim ficou.
Outro problema da traquitana vai ser pra estacionar. Se tivesse usado a massa cinzenta, um pouquinho que fosse, a ideia não ia pra frente. Alguém iria alertar o besta, não é possível. Olha a situação: você pega a estaciona a carriola numa descidona daquelas. Arredondando a roda é um perigo – se não tiver freio de mão, já era. O dono vai pegar lá embaixo o que sobrou da viatura.
Eu argumentei, tentei fazer o cara mudar de ideia, mas não teve jeito. É cabeça dura quem nem só ele. Não vou discutir, me pagando pelo serviço eu faço, tudo bem. E que amanhã ninguém venha me dizer que o retardado fui eu, em aceitar fazer uma porcaria dessa. Dá até dó, meu Deus do céu, vai estragar tudo… olha que rodinha linda, um quadrado perfeitinho, sem nenhum canto gasto, pronta pra levar e trazer o vivente e suas tralhas pra cima e pra baixo. Se a gente pegar o manual do motorista, que vem com a carroça zero km, tá lá o aviso – é pra fazer a manutenção periódica tirando os cantos gastos pra não comprometer a segurança e não perder a garantia de fábrica. Justamente o contrário do que o maluco quer fazer.
A minha mulher acha que eu devo chamar a polícia. É, depois a gente vê o que faz. Deixa eu receber primeiro.
Esta é uma obra de ficção
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