quarta-feira, 15 de novembro de 2023

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O DILEMA DE MOSKA

 


É, parece de fato insolúvel o dilema de Erlon Moska. Sem sono, revira-se inquieto em sua cama king, às voltas com pensamentos ao mesmo tempo inspiradores e tenebrosos.


A rebatizada “X”, de rede social será alçada em breve a plataforma mundial de pagamentos. Não demora e todas as transações possíveis e imagináveis passarão por ela. E por ele. Na Moska, Erlon. Bravo!


Erlon já comunicou ao mundo que, pelo menos a princípio, a IA fará considerável estrago e todo vivente precisará receber uma renda mínima a título de seguridade social, para que a roda do consumo continue girando. Isso pelo menos até a adaptação de todos à nova realidade.


Toda a comunidade médica será reduzida a tolos de avental branco, debruçados sobre intrincadas moléstias, enquanto múltiplas máquinas de inteligência artificial de Moska cruzam milhões de informações em frações de segundo, gerando diagnósticos com precisão próxima de 100%.


Assim será com médicos e também com advogados, contadores, administradores, jornalistas, publicitários, engenheiros, estatísticos e malabaristas de semáforo. A base da pirâmide, dos trabalhos braçais e tarefas repetitivas, serão os primeiros na escala de extinção.


Moska dominará um vasto e crescente império de neurônios de silício, mas teme um tiro no pé. Sem trabalho não há renda, sem renda não há consumo, sem consumo não há razão para querer ser tão poderoso.


Otimistas com raciocínio e ingenuidade de Poliana argumentam que a abolição de quase toda a atividade produtiva fará nascer novas e ainda desconhecidas ocupações, que darão conta de absorver as hordas de neo-desempregados. Moska sabe que não será assim. Moska reconhece o salto no penhasco em que se meteu. Moska tem consciência de que a cada 10 empregos perdidos, talvez um seja gerado. Talvez. Será preciso cada vez menos gente para fazer cada vez mais coisas – de forma mais rápida e melhor.


Agora, dizem que ele cismou de querer rebatizar a Terra. Já passou a missão para sua IA generativa de estimação, não sem antes orientá-la de que o novo nome do mundo deverá ter a letra “X” em algum lugar.




Esta é uma obra de ficção

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