sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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o sangue está na margem - sonia regina


a carne jaz inerte
nada a define ou anima
excedido o sentido possível da letra que a significa
resta a complexidade a ferver no sangue

o mar não refresca a intensidade de uma palavra nômade em ebulição

na mata
à noite
tudo sossega

menos o rumor do rio

nele
a secura busca espaço
e a água doce molha a garganta

os lábios já se cansaram de esmiuçar o desejo das raízes
o olhar em compasso pouco curioso nada viu

mas

as mãos crentes

não cessam de embalar preces.



sonia regina

25022011





1 Comentário

Luiz Delfino de Bittencourt Miranda

"...os lábios já se cansaram de esmiuçar o desejo das raízes
o olhar em compasso pouco curioso nada viu..."

Provavelmente, Soreg, os lábios se machucam na terra que envolve as raízes... é preciso muita coragem para cavar com os lábios.

Creio que as pessoas - e são muitas - preferem ferir a terra com as palavras que funcionam como uma substancia nociva em todo um ecosistema, poetico ou não.

Beijo