domingo, 20 de março de 2011

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ARTE E LINGUAGEM

Com certeza existe algum mistério entre os artistas e os poetas. Eles conseguem uma harmonia brilhante. É o caso dos concretistas Augusto de Campos, na poesia, e Waldemar Cordeiro, em artes plásticas.
Cordeiro foi líder e teórico do concretismo nas artes plásticas no Brasil. Sua amostra “Uma aventura da razão”, moldada pelo rigor construtivo, demonstra esse período.
Do concretismo, o artista manteve o gosto pelas cores, o apuro pelas formas geométricas, o uso de sucata “Pop-cretos” e palavras impressas em cartazes, buscando os fundamentos e a linguagem da arte e o debate em torno do concretismo.
Segundo a arquiteta Rosa Kliassi: “Cordeiro foi quem iniciou o paisagismo em São Paulo, fazendo jardins concretistas na década de 50".
Seu amigo, Augusto de Campos, escreveu que “Cordeiro sempre se preocupou em fazer com que suas especulações artísticas se vinculassem a projetos do interesse coletivo".
É importante lembrar que Augusto de Campos é poeta concretista, e também trabalhou em projetos de criações artísticas e poéticos, como: poemas – objetos e poemas posters, resultando em exposições.
Augusto de Campos vai além do limite do texto, com a finalidade de alcançar a luminosidade, de fugir ao marasmo e expulsar o tédio do dia a dia. O poeta em certa época, declarou-se pela abolição da palavra, a favor da concretude do poema, como nos mostra:

V V V V V V V V V V
V V V V V V V V V E
V V V V V V V V E L
V V V V V V V E L O
V V V V V V E L O C
V V V V V E L O C I
V V V V E L O C I D
V V V E L O C I D A
V V E L O C I D A D
V E L O C I D A D E

Affonso Romano De Sant’anna, disse: “...(a poesia concretista) emparedou toda uma geração, a partir de 1956.”
A concretude faz com que a palavra valha não pela imagem literária, mas sim pela sua concretude. E, as combinações de Augusto de Campos X Waldemar Cordeiro, são harmoniosas e passam a pertencer à linguagem da arte que, paradoxalmente, fazem parte do mais importante dos movimentos, o concretismo da poesia e das artes plásticas brasileiras. Nas palavras de Pietro M. Bardi, “um pintor de talento é sempre um escritor”.

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