Dessas coisas que a mente não inventa nem pensa nem entende. Mas a língua fala. E a outra aumenta. E todas distorcem e do ponto fazem vírgula e continuam até a morte do fôlego.
Maria era mulher comum de similaridades amenas. Assim como todas as outras. Mãe, avó e esposa do Seu Anastácio. Homem de simplicidade ilibada e de gostos medianos. Lá no fundo. Bem no fundo de onde tudo que chega já não tinha onde nem como seguir, moravam os dois.
Silêncio de rua, de cão e de gato em namoro vigoroso. E só. Outras marias e anastácios; mais jovens uns, mais velhos outros.
De televisão na sala em horário nobre. Olhos revirados e brilhosos. Novelas de fazer chorar e rir. Linhas de outras vidas imaginadas e adoradas.
Maria era simples. Feira, horta, peixe. Conversa com outras tantas. Combinação. Uma na casa da outra; então tantas. E risadas e vozes. E meras felicidades. Boas. Todas as felicidades.
Contam que um dia a Maria do Anastácio, ao voltar para casa morreu.
Do céu despencou em ferro e fogo o pássaro infernal.
De grande bico de chamas e calores todos .Engoliu a coitada.
Hoje, lá no fundo, bem no fundo de onde não se têm mais para onde ir, as pessoas caminham e olham pro céu.
Medo de morrer.
imagem: Pessoas olhando o céu por Fernando Kojo
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