sábado, 26 de março de 2011

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Os Ciganos - Capítulo XXXII

Pensei onde andaria Miguel! Muito estranho mesmo! Ele nunca ficava mais que três metros longe de Sara, fosse onde fosse. Estava ao lado dela todas as horas de sua vida.

Sem pensar muito segui pela margem do rio subindo em direção ao farol. Dentro de mim havia algo parecido com uma certeza misturada com receio. Continuei subindo devagar. Estava com medo! Mas fui em frente! Estaquei! Na margem do rio logo em frente, vi o corpo de Miguel estirado próximo às pedras, mas fora da água. Gritei para Andy novamente:

– Andy! Corram! Miguel está aqui!

Sentei na areia ao lado de uma grande pedra e chorava muito. Será que Miguel também estava morto? Como isso acontecera? Por quê?

Dois policiais, Andy e algumas pessoas desconhecidas chegaram. Os policiais pediam para que as pessoas não se aproximassem. Reika e eu nos abraçamos e ficamos chorando juntas. Um policial falou:

– Ele ainda está vivo!

Imediatamente o pessoal da ambulância se aproximou de Miguel, e começaram a examiná-lo detidamente. Miguel voltou a si e falou alguma coisa que não ouvimos. Reika correu até ele e fui junto. Miguel fazia sinal com as mãos para Reika se aproximar. Ela ajoelhou a seu lado e pegou sua mão. Miguel falou:

– Sara correu para lá – e mostrava o mar – o homem correu atrás dela. Ele me acertou a cabeça com alguma coisa pesada e não pude mais me mover.

– Calma amigo querido! Fique quieto agora. Os médicos estão aqui.

– Preciso falar! Era um homem alto, com aspecto de europeu, não sei bem!

– Vamos levá-lo ao hospital! – falou um dos enfermeiros.

– Não! Preciso ver onde está Sara!

Mas os enfermeiros não lhe deram atenção, aplicaram uma injeção e o colocaram em uma maca. Uma das ambulâncias saiu com Miguel e outra com

o corpo de Sara.

Andy e Reika foram atrás das ambulâncias. Eu fiquei ali na areia, ai percebi que eles se esqueceram de mim. Voltei para o local onde estavam os pertences dos ciganos meus amigos, e comecei a olhar as coisas todas espalhadas. Juntei as roupas de Sara e de Miguel, empilhei os poucos pertences ao lado do catre quebrado. Parecia que alguém com muita raiva colocou a baixo os barracos. Teria sido antes ou depois da morte de Sara? Sentei em uma banqueta com pés de madeira e assento de lona, e fiquei olhando para o mar. Quem teria feito isso? Miguel disse que foi um homem alto. Homem alto? Em minha mente veio a imagem do homem que vi algumas vezes, sempre com os olhos pregados em Sara quando ela dançava. Seu aspecto era de quem admirava, não de quem odiava. Mas quem sabe? Então decidi ir para minha casa e ligar para Andy. Ele saberia me dizer algo mais acertado sobre o assunto.

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