quarta-feira, 13 de abril de 2011

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migrações - Sonia Regina
















enquanto dormes serve-me a escrita
para arquitectar locais espantosos. 
entro na escuridão do texto despida
de notícias objectivas da realidade,
organizo aleatoriamente as palavras
e vou ao teu encontro levando-as

penso uma estrutura que as realce
com significados transcendendo a lógica
somente extrativista dos signos da alma.
acordas. com  exatidão e justeza falas
correctamente do cunho migratório
e cosmopolita da criação artística

tua ideia de pertença a um lugar pode
coexistir com a minha inércia face ao
grande sono. convidas-me a olhar para
lá de mim, a erguer-me e caminhar contigo.
abandono a permanência na opacidade
que se origina na reflexão que vacila e vou.


caterina de athayde (sonia regina)
06.04.2011

2 comentários

Jairo Cerqueira

Seguir é uma atitude que nem sempre nos é opcional. Dentro de nós sempre existe um EU que nos desafia.
Belo texto!
Um abraço.

Tânia Du Bois

Querida Sônia, estamos sempre abertos ao novo e ao desconhecido. Seu poema é como "folhas ao vento".
Beijos, Tânia.