sem luz.

as imagens estavam borradas em sua mente, principalmente as dos corpos ausentes de luz que transitavam ao seu redor. os sons abafados que vinham daquelas bocas deformadas falavam mas não diziam, absolutamente, nada. 

ela estava apenas caminhando naquela confusão ofuscante cobrando certezas das coisas que lhe pareciam nítidas. mas não notou que o que de fato era limpo aos seus olhos não poderia lhe oferecer o certo. apenas insegurança. 

para ela o incerto não era bom, então resolveu se borrar junto aos corpos ausentes de luz para distrair a falta de certeza que esvaziou o teu íntimo. 

no instante que viu escorrer de si a própria luz, e notar que a tua voz se abafava, quis voltar e sossegar o coração nas incertezas daquilo que ainda era nítido. mas já era tarde. a tristeza feia a engoliu. e a pressa de preencher o que lhe faltava a fez perder o resto de luz que ainda possuía. tornou-se um daqueles corpos borrados e passou a observar e esperar que a saudade que sentia fosse o suficiente para ser salva.