iso iso
Narciso descerrou
a cortina do espelho
água água cristalina
limpa suja varre
Narciso incorpora
narcisos narcisos
perfil perfil
lentamente, perfil
quem quem
no espelho cobalto
silêncio na serra verde
silêncio que silêncio
que Narciso, que
silêncio
Narciso não ouviu
resposta
Narciso ficou com o
espelho
água cristalina
modula modula
pedra pedra
pedra
branca branca.
Narciso descerrou
ficou silêncio
alvorada passarada
Narciso sem sol
a água vai levar
palavras palavras
chamem o espelho
façam-no falar
sussurrar
palavras palavras
azul de espelho branco
solidão de deserto
branco
desterrada em alma de
branco
branco cor de mármore
de silêncio de narciso
de ausência
não
há imagem....
branco azul de silêncio
desterro – enterro
enterro - desterro
rosas de abril
só morrem em março
só empenham sangue
vermelho vermelho
sangue e sangue
o sangue de ontem
que lambuza meus lábios
- hoje
Narciso descerrou e
ficou
parede de objeto azul
forma verde sem remédio
amarelo de passado
imagem branca
sem imagem sem palavras
sem dores flores amores
Narciso ficou
não coloriu mais telas
perdeu as pedras de seu
castelo
ouviu os gritos e
chorou
Narciso chorou e urrou
na escada cheia de
sangue
Narciso se esfarrapou,
meu amor...
não estávamos sozinhos
brincávamos de eco
romance e aventura
tragédia de panos azuis
e latas verdes
fazíamos filmes filhos
idéias
sabíamos e sabendo
aprendíamos
não éramos dois ou um
mas pessoas pessoas
pessoas como outras
pessoas
mas Narciso ficou...
e mantenho as mesmas
paredes
e refaço a leitura
e essas mãos que nunca
terminam
falam remexem
representam...
queria falar com o
espelho
explodir o grito de
amor
deixar voar a pessoa
que caminha
e as pedras as pedras
que são brancas e o
silêncio
e a matéria – água
Narciso agora é água.
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