O CARRO DO SOL
11.
Mona
e Alado debruçavam-se sobre o terraço. No horizonte, o deserto e seu movimento,
no palácio, o convés de onde se observava o ritmo das ondas
- Essa a
marcha que nos convém – disse Alado.
-
Aproximada de certezas, agradecida de evidências.
- De
braço com a forma, abraçada com a profusão.
-
Sentamo-nos no apogeu. Que seja longo e de muito gosto.
- É
importante estender esse fio, flexível, por sobre culturas e diversidades.
Entrelaçando-se, nada lhes faltará. Haverá o tempo da unicidade, essa outra que
não sabemos prever, talvez desejar.
- É
prazeroso participar do avanço, da transformação. Libertamos a nós mesmos
quando aceitamos construir novos tempos.
- Muitos
temem o sucesso de seus projetos, a concretização de suas visagens, pois não
querem vê-los escorrer de seus dedos após sentirem na palma da mão o concreto
da felicidade.
- Não
querem oferecer nada a ninguém.
- Muito
menos conhecer os sucessores de seu trono.
- Vida,
trabalho e prazer. Não é preciso quantificar-se, espremer-se na contagem dos
bons e maus momentos. Deixar que a vida escorra, aceita-la, mas lutar por
aquilo que você julga o melhor.
-
Mudamos...
- Nossos
conceitos e desejos também.
-
Desejos? O que são? Angústias? Insatisfações?
- Talvez
apenas aspirações, quem sabe paixões, amores.
-
Paixões... nem sempre louváveis, mas, talvez impossível evitá-las.
– É possível viver sem elas?
-
Equilíbrio ou depressão, na ausência desse fogo, desse consumo...
- Talvez
lucidez, paz, consentimento.
- E até
aonde podemos consentir, quais verdades sempre teremos que mascarar?
- Depende
da cultura e de seu ritmo. Tentamos olhar de uma certa distancia para nós
mesmos, até podemos construir modelos em que somos apenas um dado, um
componente de um gráfico.
-
Limitados...
- Ou
infinitos...
-
Humanos, consciência, individualismo.
- Dor,
ação, entrega.
-
Esquecimento.
- Não se
pode, entretanto, evitar o conhecimento.
-
Precisamos dos dados do nosso corpo e cérebro, do universo.
- E ainda
a magia...
- O
desconhecido.
- Por
quanto tempo?
- Só
cruzando o túnel do tempo.
- De olhos
fechados
- ou
abertos
- Já
fomos programados.
- Sendo
assim não há o que temer.
- o
infinito inconsciente da vida sabe.
- E fez.
É seguir sua linha, alçar-se à planície e viajar no carro do Sol.
2 comentários
LI, mas preciso reler, devido ao grande número de verdades que este texto encerra. Um texto que mexeu com a minha cabeça. É muito conteúdo para uma página só, ao contrário do que tenho visto: "muito trovão e pouco chuva".
Parabéns à autora.
João
Obrigada, Joãom esse é o último capítulo do texto que venho publicando na revista. A gente sempre está revisando o que escreve e um comentário como o teu é muito gratificante. Abraço.
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