Nestes
dias em que tenho frequentado muito o LinkedIn em busca de uma oportunidade de trabalho,
observo a avalanche de charadas matemáticas imbecis. Infelizmente, temos de conviver
com isso. Com estas pessoas simplistas que acreditam que porque você é capaz de
resolver tais e quais charadas, você é genial; e, caso não cosiga resolvê-las, você
não passa de mais um medíocre.
Vale
lembrar que medíocre é aquela criatura de pensamento mediano, vale lembrar que se
espera que a média das pessoas consiga um trabalho num intervalo de tempo razoável,
médio, comum, medíocre; entretanto, nem sempre isso acontece. Logo, vale nos questionarmos
se as nossas bússolas estão, de fato, aferidas. (Estamos mesmo caminhando rumo ao
Sol?) E também quanto ao nosso preconceito. O cidadão comum não é, necessariamente,
melhor nem pior do que eu, ou você. Ele está apenas na média.
Mas
para tudo há limites e, para mim, o limite foi ultrapassado pela charada de Penny
(ou a charada das 5 crianças). Isso porque não há pergunta, não há matemática e
não há charada. Como na filosofia Zen, a verdade é autocontida. O tudo é igual ao
nada. E, especificamente na charada de Penny, não há nada a se fazer, senão a perda
de tempo.
Voltando
àquilo que foi dito no primeiro parágrafo, eu acredito que a inteligência pouco
tem a ver com a habilidade de se resolver problemas matemáticos e de lógica complexos
apenas. Eu “acho” que a inteligência é a capacidade de transitar entre as disciplinas
e identificar padrões, a capacidade de encontrar soluções simples e naturais; logo,
interdisciplinares e que atendam ao bem comum. Isso é a inteligência para mim.
Quando
eu vejo o Presidente da República dizendo na TV que o Ministério da Fazenda “estuda”
aumentar os impostos sobre os assalariados para alcançar o equilíbrio entre as despesas
e as receitas do Estado eu imagino o quanto o governo age de forma não inteligente
(colocado assim, para evitar um palavrão), porque claramente se vê que, apesar de
ser uma solução simples, esta não é uma solução natural; se trata ainda de uma solução
tendenciosa (não interdisciplinar) e tampouco atende ao bem comum. Apenas um exemplo,
dentre vários.
No
mundo corporativo, a filosofia “Go Horse” é o que melhor traduz essa ideia absurda
de que se juntarmos uma equipe de especialistas – usado como sinônimo de pessoas
inteligentes ou capacitadas – chegaremos a uma solução inteligente. Pode ser, mas
não sob a minha ótica. Talvez eu seja medíocre. Talvez eu seja mesmo um imbecil,
por insistir tanto nisso.
A
inteligência – em minha opinião – é o ponto de intersecção das diferentes disciplinas:
a matemática, a física, a química, a biologia, as línguas, as ciências sociais e
humanas, a filosofia, a história, a geografia, o direito, a economia, as artes e
a medicina. A inteligência, colocada dessa forma, é a arte da síntese (ou alquimia).
De novo: é a capacidade de transitar entre as disciplinas e identificar padrões,
a capacidade de encontrar soluções simples e naturais. Estas soluções são necessariamente
interdisciplinares e atendem ao bem comum.
Ante
qualquer solução que atenda aos interesses de minorias deveríamos nos questionar
se as nossas bússolas estão, de fato, aferidas. Porque ainda que você seja um “Horse”
– um especialista – “Do Not Go”: pense, reflita, antes de sair em disparada!
Lembre-se,
enfim, que ainda que a sua bússola esteja prontamente aferida, você não tem o direito
de passar por cima de tudo e de todos, e que os fins “Do Not” justificam os meios.
Lembre-se que, aqui no Brasil, o Oceano Atlântico fica na direção Leste; i.e., rumo
ao Sol nascente. Lembre-se que as águas de um rio fluem através do seu leito, contornando
as encostas escarpadas, indo sempre em direção ao mar. Esta é a sabedoria das rochas
pontiagudas transmudadas em seixos – um conhecimento natural (muito distinto da
mediocridade).
E,
para terminar, uma boa charada matemática. Para quem tem habilidade e gosta de se
divertir com a matemática, sem nunca confundir isso com a inteligência num sentido
mais amplo:
Se
2 está para 2, assim como 3 está para 10, 5 está para 12, 7 está para 21 e 11 está
para x. Qual é o valor de x?
1 Comentário
Dica para o probleminha matemático ao final do texto: num3r05 n4 8453 3.
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