sexta-feira, 5 de abril de 2019

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Pequenas histórias 330


Sentado no frio banquinho


Sentado no frio banquinho de um bar na augusta, rua que, outrora era o point do chiquérrimo, observava o movimento tresloucado dos que vão e vem fustigado pela garoa intensa que caia.
Havia nostalgia estampada nos gestos das pessoas como se fosse a sua própria nostalgia. Transpunha-se em cada ser que passava desfigurando o eu abstrato queimando a pele.
Não queria estar onde estava, queria ser uma daquelas pessoas onde cada uma, com suas preocupações, pareciam ser melhor que ele. Não conseguia reagir, sair da monotonia desfigurada na acidez das palavras ditas e não ditas.
Colhia sim, colhia toda a alteração do movimento dos outros sem compreender que eles não sentissem o seu movimento prejudicado pelo que sentia.
Foi então que tomou a decisão mais certa da vida.
Levantou-se rapidamente.
E aproveitando o ônibus que descia a rua se jogou em baixo do veículo sentindo prazer no momento em que as rodas passaram por cima do seu corpo.
Quando o retiraram debaixo das rodas, disseram que ele estava excitado, com o pênis ereto e que tinha ejaculado.
E o garçom na beira da calçada, apavorado dizia:
- Ele não pagou as cinco caipirinhas que tomou.


pastorelli

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