domingo, 6 de dezembro de 2009

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ASSIMETRIA DA AFIRMAÇÃO

1:-


há tempos

um corpo talhado

a treva e luz

uma voz de pedra

que me escorre

pelas pernas

até o infinito

espelho do céu

que

mudo

nada reflete

exceto a expectativa

do silêncio.


2:-


mãos dadas

com o vento

um sorriso de facas

e um ligeiro

rumor de rosas

em meus ossos.


3:-


viajante

percorro as costas

do sonho

pleno das incertezas

daquele que cavalga

um corcel de nuvens

em terra firme.


4:-


aqui

sem espelhos de sol

aqui me reconheço

nos vãos

da tua lembrança:

fogo imóvel

que me assalta

sem pudor e feroz

dentro da noite

mais antiga.


5:-


o sal

das minhas palavras

os tempos

dos quais já me esqueci

a fúria da carícia

inexistente

tudo isso aponta

para o efêmero

mar do desejo

no qual

náufrago contumaz

me perco como aquele

que veio para ser

e nunca foi.


6:-


e do meu peito estéril

uma única afirmação:

sim, nenhuma mulher.

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