1:-
há tempos
um corpo talhado
a treva e luz
uma voz de pedra
que me escorre
pelas pernas
até o infinito
espelho do céu
que
mudo
nada reflete
exceto a expectativa
do silêncio.
2:-
mãos dadas
com o vento
um sorriso de facas
e um ligeiro
rumor de rosas
em meus ossos.
3:-
viajante
percorro as costas
do sonho
pleno das incertezas
daquele que cavalga
um corcel de nuvens
em terra firme.
4:-
aqui
sem espelhos de sol
aqui me reconheço
nos vãos
da tua lembrança:
fogo imóvel
que me assalta
sem pudor e feroz
dentro da noite
mais antiga.
5:-
o sal
das minhas palavras
os tempos
dos quais já me esqueci
a fúria da carícia
inexistente
tudo isso aponta
para o efêmero
mar do desejo
no qual
náufrago contumaz
me perco como aquele
que veio para ser
e nunca foi.
6:-
e do meu peito estéril
uma única afirmação:
sim, nenhuma mulher.
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