quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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- Chão [In]sólido - Thabata Lima Arruda

...e novamente vens e me falas sobre aquela cidade. Sobre as suas praças que no verão são iluminadas e cheias de vidinhas simples, mas que no inverno são melancólicas, porém ainda mantêm uma beleza singular.
Vens e me falas sobre a magia que ainda há lá, e como o chão é incrivelmente sólido e capaz de dar apoio aos pés, para que não possamos cair.
Você surge com os seus sorrisos tolos e cospe suas teorias, todas elas, sobre amor, sobre vida. Só teorias. Nada vivido, nada praticado.
Então você aparece e me paga um vinho naquele bar charmoso. Leva-me a lugares importantes, e eu distribuo sorrisos a conhecidos que já desconheço. Depois caminho até o teu carro, uso aquela blusa que mostra meu ombro e a rosa vermelha no cabelo, no rádio toca alguma canção que não gosto. O silêncio do trajeto me faz pensar em todas aquelas praças - alegres no verão e tristes no inverno. Naquelas pessoas que não me recordo mais, dos bares charmosos que não mais frequento porque não me deixam mais a vontade. Olho para você - me assusto -, já é quase um estranho.
Quando chego ao meu destino, você me olha esperando – um abraço, um beijo ou até mesmo um “quem sabe volto a morar aqui”, mas tudo que posso oferecer é um “até logo” e um beijo frio no seu rosto, agora estranho. Ao sair do carro respondo baixinho aos meus botões: este chão não é mais sólido para mim.

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