sexta-feira, 19 de março de 2010

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opus poético - Nana Merij

nanamerij.


























a plena ressurreição da beleza inaugural

busco no fundo do mar, no oco do mundo

persigo-a dentre as alamedas do olimpo

e nos mais profundos abismos do inferno


a beleza ímpia dos amantes sepultados vivos *,

procuro-a entre os mortais,sem jamais ter visto

quero a que habita na pedra, na terra, no fogo,

no mangue, no sangue, nos sepulcros , no lixo


aquela que explode feito alquimia e mágica

nas mãos calejadas e sujas dos andarilhos


a beleza , dos temas agudos e improvisados

nos cantos dos grilos, ou nas gotas da chuva

caindo como extrema unção ao morrer da tarde

como se funeral sagrado de cigarras seresteiras

não a beleza conceitual das coisas possíveis

gravada nos rostos, nos corpos, nas gentes

pois que se esgota na epiderme da realidade

a que persiste no rastro do tempo
a que tem ranhuras , unhas e garras afiadas

aquela que arranha, que fere,que rasga :

_ o mel de minhas pupilas em lágrimas mornas

da beleza que busco , sabe o poeta:

- curador da memória!



Imagem: Selina De Maeyer

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