nanamerij.
a plena ressurreição da beleza inaugural
busco no fundo do mar, no oco do mundo
persigo-a dentre as alamedas do olimpo
e nos mais profundos abismos do inferno
a beleza ímpia dos amantes sepultados vivos *,
procuro-a entre os mortais,sem jamais ter visto
quero a que habita na pedra, na terra, no fogo,
no mangue, no sangue, nos sepulcros , no lixo
aquela que explode feito alquimia e mágica
nas mãos calejadas e sujas dos andarilhos
a beleza , dos temas agudos e improvisados
nos cantos dos grilos, ou nas gotas da chuva
caindo como extrema unção ao morrer da tarde
como se funeral sagrado de cigarras seresteiras
não a beleza conceitual das coisas possíveis
gravada nos rostos, nos corpos, nas gentes
pois que se esgota na epiderme da realidade
a que persiste no rastro do tempo
a que tem ranhuras , unhas e garras afiadas
aquela que arranha, que fere,que rasga :
_ o mel de minhas pupilas em lágrimas mornas
da beleza que busco , sabe o poeta:
- curador da memória!
Imagem: Selina De Maeyer
sexta-feira, 19 de março de 2010
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opus poético - Nana Merij
autor(a): Unknown
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