- você sabe o que é uma dor irremediável ?
- nnããoo. dizia ela esparramada no sofá como se nada existisse no mundo.
- não se pode ve-la nem com lente de aumento 1000%, algo dentro, entende ? dentríssimo da gente; essa dor fulgurante e maciça.
ele em pé, parado feito um ditador dizendo.
- vai ficar aí, prostrada, ignorando...
- parece que há um vento trazendo palavras não tão frágeis nem azedas.
- pois creia que são azedas feito tamarindo, e em hipótese alguma são frágeis, e não são para donzelas!
- eu tô mais para meretriz né ?
- é, com essas pernas meio abertas pro alto do para-costas do sofá, cabelos esvoaçados, maquiagem carregada e borrada, ar blasé, minúsculas roupas.
- a dor irremediável é não encontrar a tal dita felicidade de existência.
- háá não enche!
e levanta. sai andando em direção ao banheiro.
Imagem: Soreg. Composição digital com desenho de François Dubeau.
- nnããoo. dizia ela esparramada no sofá como se nada existisse no mundo.
- não se pode ve-la nem com lente de aumento 1000%, algo dentro, entende ? dentríssimo da gente; essa dor fulgurante e maciça.
ele em pé, parado feito um ditador dizendo.
- vai ficar aí, prostrada, ignorando...
- parece que há um vento trazendo palavras não tão frágeis nem azedas.
- pois creia que são azedas feito tamarindo, e em hipótese alguma são frágeis, e não são para donzelas!
- eu tô mais para meretriz né ?
- é, com essas pernas meio abertas pro alto do para-costas do sofá, cabelos esvoaçados, maquiagem carregada e borrada, ar blasé, minúsculas roupas.
- a dor irremediável é não encontrar a tal dita felicidade de existência.
- háá não enche!
e levanta. sai andando em direção ao banheiro.
Imagem: Soreg. Composição digital com desenho de François Dubeau.
3 comentários
A angústia existencial é incompreensível aos "ignorantes", todavia, desejava eu, ignorar a tal da existência. Muito boa essa narrativa! Abraços!!!
Parabéns para vocês e Isaias.
A escrita, tanto na poesia , quanto na prosa e a fotografia de Isaias bate e fica.
Tive o privilégio de o conhecer ano passado em BH, pena que mudei de Minas para Santa Catarina com minha esposa, e não tive o privilégio e honra de prosear com o amigo Isaias de Faria.
Quero saber como posso participar aqui com vocês com poemas, contos e prosa se puder.
Muita luz e saúde.
Grande abraço.
Cássio,
Muito gratos.
Há na capa, na coluna da direita, um link para o 'como colaborar'. Escreva-nos, envie o material.
Abraços.
Postar um comentário