quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Nana Merij _ manjedoura de concreto_






















aziago , o pranto que singra a terceira margem da cidade

um rio de sangue e fome ,derrama-se pelas ruas e calçadas

nasceu um menino-feio-esquálido nos vãos frios do viaduto





nenhum anjo apareceu,reis não vieram,sequer uma estrela pífia

a indicar os atalhos daquela via dura e crua de aço e concreto

somente a sentença inapelável das vielas de riscos e errâncias

no saco de papel,onde maria abençoou o cordão de seu umbigo





nasceu um menino, condenado a espreitar a vida pelas frestas

urbanas, sem loas, sem trombetas , sem visitação, sem unção

nasceu um menino-triste,destinado a crucificação dos excluídos





na manjedoura de concreto,vigas de aço se acendem como círios

nasceu um menino,e mais outros, lá na terceira margem da vida:

_ açoitados cristos!






nanamerij






Imagem: autor ignorado







7 comentários

Ricardo Bruch

Muito, muito, muito bonito. Gostei muito mesmo. Meus parabéns.

A foto escolhida está muito boa também.

Um abraço.
Ricardo Bruch

literariarevista@gmail.com

Prezado Ricardo,
Obrigada pela leitura. Pena que tais temas nos sobrem dia pós dia, e gritam aos nossos olhos.
Abs, anamerij

Denilson
Este comentário foi removido pelo autor.
Denilson

Excelete texto. Curto, mas sem grossura. Poeticamente incisivo, vai fundo, e diz o que tem a(que) dizer(-se). Parabéns, Nana!

Paola Rhoden

Triste! Muito triste por saber-se que a realidade é assim: fria e crua. Uma foto que comove.

jorge vicente

Sua poesia é Forte, Imensa, Possante,

Viva!

beijos, Amiga
Jorge

http://revistaliteracia.blogspot.com/

Agradeço , a cada um em paticular , pela leitura e comentários .
Abs, anamerij