aziago , o pranto que singra a terceira margem da cidade
um rio de sangue e fome ,derrama-se pelas ruas e calçadas
nasceu um menino-feio-esquálido nos vãos frios do viaduto
nenhum anjo apareceu,reis não vieram,sequer uma estrela pífia
a indicar os atalhos daquela via dura e crua de aço e concreto
somente a sentença inapelável das vielas de riscos e errâncias
no saco de papel,onde maria abençoou o cordão de seu umbigo
nasceu um menino, condenado a espreitar a vida pelas frestas
urbanas, sem loas, sem trombetas , sem visitação, sem unção
nasceu um menino-triste,destinado a crucificação dos excluídos
na manjedoura de concreto,vigas de aço se acendem como círios
nasceu um menino,e mais outros, lá na terceira margem da vida:
_ açoitados cristos!
nanamerij
Imagem: autor ignorado
7 comentários
Muito, muito, muito bonito. Gostei muito mesmo. Meus parabéns.
A foto escolhida está muito boa também.
Um abraço.
Ricardo Bruch
Prezado Ricardo,
Obrigada pela leitura. Pena que tais temas nos sobrem dia pós dia, e gritam aos nossos olhos.
Abs, anamerij
Excelete texto. Curto, mas sem grossura. Poeticamente incisivo, vai fundo, e diz o que tem a(que) dizer(-se). Parabéns, Nana!
Triste! Muito triste por saber-se que a realidade é assim: fria e crua. Uma foto que comove.
Sua poesia é Forte, Imensa, Possante,
Viva!
beijos, Amiga
Jorge
Agradeço , a cada um em paticular , pela leitura e comentários .
Abs, anamerij
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