Dialéctica do adiamento
- Por Fernando Oliveira -
Alegóricos significados interrelacionam os vocábulos: cinza - cigarro - trago - sexo - lábios. O calor do vermelho antepõe-se à frieza da morte pungente que os atravessa.
A relação amorosa "perdida pelas vielas da memória, adormecidas nas cinzas, como se nunca houvesse existido?" – pergunta-se a personagem masculina.
O autor convida o leitor à dúvida. A moral está alheia ao texto, como todas as outras ordens que nascem da coação e da violência sociais.
Não há regras nem princípios que certifiquem a verdade ou a mentira.
O texto bem construído descreve um emaranhado autónomo num panorama sagrado e particular. Tudo se relaciona com esse círculo e esse círculo não se relaciona com coisa nenhuma. Tudo é amoral, a própria moral não existe. O investimento libidinoso é necessário e o jogo é como o das luzes num palco. A cena tem instâncias incontornáveis que não esperam a visibilidade: não há a clareza da ribalta nesse mistério que o autor delineia bem e vai clarificando através do fomento da curiosidade, do enigma intrigante, da distância à qual o leitor se vê por ele colocado.
A edição da obscuridade, entretanto, tem laivos iluminados, o que leva a história a bom porto.
Alegóricos significados interrelacionam os vocábulos: cinza - cigarro - trago - sexo - lábios. O calor do vermelho antepõe-se à frieza da morte pungente que os atravessa.
A relação amorosa "perdida pelas vielas da memória, adormecidas nas cinzas, como se nunca houvesse existido?" – pergunta-se a personagem masculina.
O autor convida o leitor à dúvida. A moral está alheia ao texto, como todas as outras ordens que nascem da coação e da violência sociais.
Não há regras nem princípios que certifiquem a verdade ou a mentira.
O texto bem construído descreve um emaranhado autónomo num panorama sagrado e particular. Tudo se relaciona com esse círculo e esse círculo não se relaciona com coisa nenhuma. Tudo é amoral, a própria moral não existe. O investimento libidinoso é necessário e o jogo é como o das luzes num palco. A cena tem instâncias incontornáveis que não esperam a visibilidade: não há a clareza da ribalta nesse mistério que o autor delineia bem e vai clarificando através do fomento da curiosidade, do enigma intrigante, da distância à qual o leitor se vê por ele colocado.
A edição da obscuridade, entretanto, tem laivos iluminados, o que leva a história a bom porto.
Imagem: SmokeWorks #41, de Mehmet Ozgur
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