Um último desejo?
- Por Márcia Freitas -
Um homem conta de um amor incestuoso com a mãe. Os conflitos inerentes a uma tal coabitação são previstos. Entretanto, a catástrofe não acontece. A idéia regulativa da formação social dos indivíduos contrasta com a utópica idéia de uma expressão afetiva que percorre um tempo infinito: a relação incestuosa se perpetua, neste homem e sua filha.
O autor descreve o clima de sedução, a aproximação da morte, um último desejo: o trago.
Não temos ilusões - nós, leitores - nem imaginamos que podemos explicar tudo que está acontecendo.
Há algo que apela de forma misteriosa para a alma.
O estado mental dos personagens não pode ser sustentado por conceitos amplos nem clarificado por abstrações.
A conjunção - a copulativa - substitui a relação mais complexa.
Intimista, a narrativa do personagem diz de seus sentimentos ( quiçá das fantasias) com relação à mãe.
Nunca saberemos se a introdução da terceira personagem é a chave dos questionamentos que nos movem: haverá prosseguimento dessas relações incestuosas ou é essa uma chave para outro conflito que subjaz à compreeensão mais simplista?
Imagem: SmokeWorks #41, de Mehmet Ozgur
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