terça-feira, 31 de agosto de 2010

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pérola - sonia regina
















entre o avanço e o recuo sou eu
um corpo abafado pelo orgulho.
meio surda, medro como uma planta.
minha voz cresce sem consentimento

tateio o calcáreo, paixão que me obsedia.
fujo do sangue, não escuto a carne
e nessa surdez sou ostra. fugidia.
quietude arrastando círculos, labirinto

avanço entre os destroços. luz e sombra.
moradia espetacular de mim, não durmo.
desperta do encanto, quero ser meu brilho.
rodopio de dor, não caio nem me levanto

e na liquidez do meu pranto
fervilho.





Imagem: Uma pérola ainda dentro da ostra.
Foto pertencente a Tuamotu, Manihi e outros

4 comentários

jorge vicente

não durmo. quero ser feito de água.

SÔNIA PILLON

E quem já não viveu o seu momento pérola, curtindo a própria dor, imóvel, até sair reluzente, como a lagarta antes de virar borboleta?... Linda poesia!

sonia regina

O Jorge é um poeta querido, sempre a poetar comigo...sinto falta dos nossos duetos, amigo.
beijos gratos
da sonia

sonia regina

Pois é, xará, quem já não o fez? Mas aí tentei mesmo imaginar o que diria a pérola...
Obrigada pela leitura, querida, e pelo comentário.

beijos mil