É verdade, tinha marcado a consulta e não fora. Refletiu. Para que ela queria saber o porquê do que lhe acontecia? O que tinha a fazer era aproveitar, pois o tempo passa, a idade chega, aí só terá lembranças.
Malu na verdade, foi procurar o psicanalista. Chegou até a porta do consultório. Indecisa ficou por minutos sem saber se batia ou não. Vendo a decadência do corredor escuro, sujo, e na porta a tabuleta torta com os dizeres mal escritos: Dr. Valdo Pastore, psicanalista, atende também a domicilio, decidiu não entrar. Chamou o elevador e desceu.
Ao passar pela portaria notou o contraste chique com o restante do prédio. Achou esquisito ou, seria apenas aquele corredor que estava entregue as moscas. No momento em que transpôs a porta automática cruzou com o loiro.
- Será que ele...
Voltou rápida. Perguntou para o homem que estava atrás do balcão onde se lia: Informações.
- Por favor.
- Pois não, senhorita.
- Esse rapaz que acabou de entrar no elevador, é o Dr. Valdo Pastore?
- Quem? Luciano?
- Esse é o nome dele?
- Sim, mas não diga que eu falei. Ele é filho do Dr. Valdo.
- Ah! obrigado.
- Quer falar com ele?
- Não, pode deixar, obrigada.
Não precisava de médico. Conhecia-se e conhecendo-se é um passo para se chegar... Onde? Sei lá, em qualquer lugar. Esse era o lema que tomava para si. Achava que com essa atitude ou teoria, ou o que fosse, estava se auto-analisando. Se, estava ou não, também não faria diferença, estava contente consigo mesma.
Olhou para a direita e depois para a esquerda. Nada interessante. Fazer o que, suspirou seu coração afoito. Quem mandará levantar atrasada. Nisso a voz pausada do alto falante anunciou:
- Estação Consolação.
Saia do trem quando foi empurrada.
- Desculpe, disse numa voz desprovida de pressa.
Era novamente o loiro. Mas será possível, pensou preocupada.
- Aonde eu vou encontro esse cara! Que coisa! O que o destino está me preparando?
Perguntou mentalmente ao pisar no degrau da escada rolante.
pastorelli
Imagem: Nancy Torres
2 comentários
Caro Pastorelli, tua literatura melhora a cada novo texto e a prova está aí nesse DAMA DO METRO, prosa enxuta, empolgante, texto bem escrito, mas chato porque no auge da expectativa ele pára... Terá continuação? Fico aguardando.
Baitabraço do
ERNANI FRAGA
Ernani, anigo querido, obrigado e desculpe, agora que vi seu comentário, tem continuação sim, aguarde, um abraço amigo.
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