Então foi assim. Primeiro Seu Pedro e Dona Maria. Aí vovó. Agora Aracê. Pessoas que estiveram presentes em minha infância, e que de alguma forma participaram de meu crescimento, minha vida, meus sentimentos, e agora se foram, cada um para seu lugar.
Deitada na beira do riacho olhava pela barranca os peixinhos que nadavam. Seriam os mesmos desde a minha infância? Bobagem eram sempre novos, renovando-se todos os anos, como a vida se renova todos os dias quando o sol nasce.
Olhando para a água que corria limpa e transparente, não tinha coragem de virar-me para ver a casinha branca de janelas vermelhas, onde Seu Pedro e Dona Maria viveram por tantos anos, o cantinho na grama onde vovó ficava sentada olhando-nos brincar, o balanço onde durante tanto tempo Aracê e eu soltávamos nossos gritos de alegria. Um dia antes de ela partir, ainda viemos brincar aqui. E vocês peixinhos? Vão estar aqui sempre? Nunca irão me abandonar? Sei lá! De repente serei eu mesma que os abandonarei. Só o tempo dirá.
Quando voltei para casa, sozinha, cabeça baixa, sabia que embora nunca mais ouvisse: "menina, o lanche tá pronto", "Desce daí, minina. O gáio quebra e ocê cai!", "Venha querida, vou lhe contar uma historinha!", ou o riso alegre e cristalino de minha companheira ecoando pelo pomar, sabia que em algum lugar, todos os quatro estariam olhando por mim, cada um a sua maneira, mas com muito carinho.
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