segunda-feira, 4 de julho de 2011

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ORQUESTRA DE NUVENS - JANDIRA ZANCHI



Sombra escura violácea
e mansa
da fralda da noite


tempos de redutos vaticínios
nuanças mórbidas e estiradas
do rio langoroso
amargo em suas felinas plumas
- sem alvorecer –
no véu da espuma cálida
uma orquestra de nuvens
gritada entre arcos de arvoredos
pequenos e rosados silêncios


um fim
um medo
um corredor
correnteza
em fluxo o movimento
a tanto tempo esquecido
o meio do deus nas terras
de seca e aparte


marchavam os infantes
e as ondas cristalinas
quais flores de fácil
aprumo
num instante
os olhos e a água


o rastro moreno
perfume de ervas
gotas e gotículas


o doce arquejante solícito
à espera
de tua mandala
mandarim de aleluias


ainda dançam as águas nas nascentes...


Ainda ?
ou movemo-nos em
outra área
a ribanceiracom flechas e dardos
soluços sem ritmo
um ósculo de ódio
alguns vinténs de
infinito e...


aleijados e alheios
na lúcida fealdade
de empréstimo o vapor dos tempos
lá aonde desfazem-se
moléculas no negror do ócio
de mérito um curvado
e recuado circunflexo
arquitetura
de luzes e fagulhas
essa sede
no pote
marola na nave
já será ainda um
outro momento ?

        BALÃO DE ENSAIO - EDITORA PROTEXTO (2007)

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