Cheguei quase correndo junto a elas, e no mesmo instante o tal cavalheiro elegante e charmoso encostou a meu lado e falou em inglês:
- Boa noite senhorita!
Estava tão irritada que me deu vontade de não responder, mas afinal não havia motivo para ser grosseira e respondi:
- Boa noite!
- Aceita um drinque?
- Não obrigado, senhor! Estou apenas procurando por minha filha que às vezes me deixa maluca.
O cavalheiro riu e gentilmente puxou uma cadeira para que me sentasse a uma mesa ao lado da que estava minha filha com a mulher ruiva. Fingi não ver sua atitude e dirigi-me para perto das duas, estranhando que minha filha não me dirigisse a palavra, já que com certeza teria me visto chegar.
- Boa noite! Cumprimentei secamente a mulher e me dirigi a minha filha – que você está fazendo fora do quarto onde disse que ficaria?
- Oi mamãe! Estava apenas conversando com essa moça.
- Não existe nada errado em sua filha conversar com minha sobrinha. – falou o cavalheiro agora puxando outra cadeira para que eu sentasse à mesa onde estavam as duas - queira nos acompanhar em um drinque.
- Agradeço a gentileza, mas precisamos voltar a nossos aposentos. – falei um tanto envergonhada por minha atitude, mas com algo dentro de mim dizendo para que saísse dali imediatamente.
Peguei na mão de minha filha e suavemente a puxei para meu lado fazendo-a levantar-se da cadeira. Pessoas circulavam em todas as direções indo ou voltando da piscina, entrando ou saindo dos salões que ficavam a volta da área de lazer. Minha filha não opôs resistência, nos despedimos e a levei dali para o saguão em direção aos elevadores. Sempre em silêncio chegamos ao nosso quarto. Só dentro dos aposentos é que falei:
- Então? Alguma explicação para o ocorrido? Como pode fazer uma coisa dessas?
- Calma mamãe! A moça só foi gentil e me convidou para um lanche!
- Então alguém completamente estranho vem aqui, toca a campainha, você atende, a pessoa convida e você sai assim sem mais nem menos?
- Ela não tocou a campainha. Eu ainda estava no corredor quando ela me abordou. Mal eu cheguei e ela chegou junto. Ela disse que está hospedada aqui nesse andar também e que estava só. Foi tão simpática, sentamos ali no hall, conversamos um bom tempo, e aí ela perguntou se você iria demorar, eu disse não saber. Então me convidou para um lanche eu aceitei. Só isso.
- Você não achou nada estranho?
- Não!
- Sobre o que conversaram?
- Ham! Deixa ver! Primeiro ela falou sobre o hotel ser bom, a vista ser linda, a piscina ter uma boa freqüência. Depois ela falou sobre as jóias que sumiram, que ela também perdeu um colar, e que amanhã na reunião ela não vai estar presente porque tem um compromisso que não pode faltar logo cedo. Aí ela perguntou se a jóia que você perdeu era de muito valor e se eu também gostava de jóias. Falou sobre pessoas que carregam muitos valores quando viajam e que isso sempre acarreta em problemas e perguntou se carregávamos muitas jóias. Quando você chegou ela mudou de assunto, perguntou de onde nós éramos e por que estamos aqui. E o resto você sabe.
- Estranho não?
- Estranho o que?
- Essa mulher! Aquele homem elegante e gentil disse ser tio dela. Tentou fazer-me sentar ao lado da mesa que você estava e não junto de vocês. As duas vezes que eu vi sumirem jóias ele estava por perto! Agora ela perguntou a você se carregávamos muitas jóias.
- Mamãe! Mamãe! Tinha um montão de gente por perto nas duas vezes que sumiram jóias que nós vimos. Seu veio detetive e advocatício vieram à tona, não?
- Mas aquele homem é estranho! E aquela mulher também.
Minha filha riu e disse:
- Estranho é aquele cabelo dela! Nem louro, nem ruivo!
- É laranja! – falei rindo.
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