Quando ficou viúva minha mãe morou sozinha por algum tempo. Tempo suficiente de gastar todo o dinheiro e capital que havia ficado de herança para ela. Por esse motivo ela foi morar com meu irmão no litoral, que nessa época já não estava mais trabalhando por estar doente.
Luciana, minha cunhada, era uma mulher egoísta e com nenhum senso de humanidade. Mas mesmo assim, minha mãe que sempre gostou dela preferiu morar com eles do que em minha casa. Não fiz objeções porque queria ver minha mãe feliz.
Após alguns meses de convívio ela passou a ficar triste, seu olhar que era alegre e cheio de vida passou a ser opaco, sem brilho. Não comprava mais roupas novas, andava sempre com as mesmas roupas de quando ainda morava sozinha. Emagreceu muito e com isso envelheceu demais. Seu passeio era a Igreja e nada mais.
Um dia quando fui visitá-los, fiquei preocupada com a fisionomia dela e a interpelei:
- Mamãe! Vejo a senhora sempre tão triste, tão abatida, está bem de saúde?
- Sim, querida! Não há nada de errado comigo.
- Mas a senhora está sempre tão triste, sem ânimo para nada. Onde está aquela garota alegre e feliz que conheci?
- As coisas mudam minha filha! Hoje sou uma mulher pobre, vivendo à custa de um filho que também está em situação ruim. Mas não posso reclamar porque a minha parte boa da vida já vivi. Agora não tenho muito mais a esperar.
- A senhora sabe que a hora que quiser é só ir para minha casa. Não sou rica, mas tenho do bom e do melhor. Trabalho para isso e posso repartir com você de bom coração. Você sabe disso, não é mesmo?
O sorriso da minha querida mãezinha foi amarelo e triste ao responder:
- Sei disso. Mas fique tranqüila! Ninguém tem nada além do que merece. Por isso, tenho tudo que preciso.
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