quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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HISTÓRIAS REAIS DA VIDA IRREAL ( 9)...

Percorreu o longo da avenida. Asfalto quente. Vestígios das noites de verão. Andou em pés descalços. Sapatos à mão. A luz de cada poste batia-lhe no rosto. Corpo exposto, no tempo morno. Hálito ausente. Ausente as veias, o pulso, como também ausente o ânimo.

Caminhou pelos meios fios das calçadas. Sarjetas frouxas em marcas de desafios. O olhar riscando edifícios. Altas horas. Janelas indiscretas, acesas à meia-luz. Silhuetas invisíveis, provenientes da íntima imaginação. Traços de amor a desenhar um caminho à madrugada.

Gritou! Nada aflito, perdido na própria aflição.

Nenhum corpo quedou-se!

Não houve suicídio.

A vida renasceu em massa...

Nenhum murmúrio.

Silêncio, apenas.

Sobreviveu às angústias noturnas.

Foi jogado contra a maré.

Saiu ileso!

Caiu erguido, diante da porta que se abriu em sorrisos, no horizonte.

Sentiu espasmos... orgasmos de ilusão a agasalhar-lhe o peito.

Assim embalou-se nos braços transparentes de um anjo.

Sentiu sussurros nos ouvidos.

Calou na alma dos olhos quentes que a lua prometeu.

Na manhã seguinte o sol nasceu dourado, carregado por única cicatriz, despontando fresco, no horizonte.

Por fim, puxou para si o lençol, e dormiu.

Por -  Malu Silva

Imagem retirada do Google

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