terça-feira, 25 de outubro de 2011

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O JOGO




A bola. O campo. Multidão. Tensão. Os times. Inimigos. João, Pedro, Paulo. Bolinha. Careca. Emílio. Santino. Agripino, Santiago. Rosca. No gol. Bolha. Os outros. Moleke, Maluco, Melado, Tião, Tóin. Quebrado, Antena e Feijão. Sujeira, Pé de Mula. No gol o Anta. O apito. Bola pro Agripino. De Agripino pro Rosca. Sujeira rebate, bate. A torcida. O grito. Falta! O juiz o apito. A briga. O soco. A surra. A fúria. A bola muda. O pé a mão o braço a chuteira. O olho, a barriga, a mão. O grito, o palavrão, o tapa, o bofete. A polícia. Os cães. Os dentes, a mordida, as correrias... mais gritos, mais mordidas. O rosnado, o cacetete, a voadora, a corrida...

O repórter. O flash. A notícia. As risadas, os palavrões. A torcida. A loucura. Os corpos na tela. A tela no chão. A massa. A fúria. A violência. O caos. Os gritos.

O medo. Os tombos. Os pisões, os esmagados. Os covardes, os maldosos, os imorais. O cuspe a pedrada. O pânico.

O Bolha foge, Pé de Mula alcança. Dois pés nas costas. O tombo. Bolinha bate, Antena bate, todos apanham.

O juiz. Os cartões no chão. Também o juiz. A bandeira. O bandeirinha esgrima, defende, bate e é engolido pela massa.

O jornal. A manchete. O esporte. A vergonha.
No campo. Perdida, escondida, abandonada, indiferente, ausente, morta, vencida, perdida... Sozinha, única, silenciosa a bola.
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Ronie Von Rosa Martins



 

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