quarta-feira, 19 de outubro de 2011

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A PASSAGEM 2 - JANDIRA ZANCHI


A DANÇA DOS ARCOS - A ÁGUIA DE OUR0

I  -  A  PASSAGEM

2.

     A pompa era o desperdício da alegoria estreitada entre as virgens encenações do largo. Senhores de alva estatura deleitavam-se por entre a colheita, excessiva e luxuriosa, ainda afeitos à simplicidade que se retificava. A grandiosidade da vida quase se desvalia no oásis coberto de frutos e prenhe de sabores.
     O Exército, todavia, não se corrompia. Advindo de estrelas dúbias em dueto paramentava-se para além da miséria e da riqueza. Os fatos eram evidências de circunstancias que se apresentavam nítidas e fortuitas. O Poder, para um Guerreiro Mago, era quase uma simplicidade de estilo, pirâmide de muitos vértices, cantos de anjos pássaros.
     O Príncipe e o Rei, Alonso e Amadeu, amarfanhados das noites no deserto impávido, meditavam, ainda em estado de beatitude, os humores do deus. Afeitos às reverências, miravam seus homens com um fio de espada, quase aborrecidos da sina de ordens e desejos prestos. A quase todos os dois , na proximidade do perfume dos arcos redentores, ocorreu a esperança de um sacerdócio desnudo de guerras e vitórias.
     Mas, era do enredo do forte que seus corpos se alimentavam. Que a brisa se voltasse em todas as dilatações de sua malícia no corredor dos que se destinam à inclemência, era pormenor muito debatido e referido como conjunto da pouca submissão à teoria. E assim estudados apresentavam-se ao Norte, poentes e estáticos ao devassar da configuração. Firmaram as lanças já que de seus braços saltaria, mansa e recolhida, uma nova liberdade
     Sonhados no ouro, eram a luz, ainda ao meio-dia. Nenhum recanto de obscuridade. Nenhuma seca nos vinte e cinco horizontes abertos. Seria estabelecido, sem vaidades ou exagero de expectativas, o Rito da Passagem, enquanto alvorecia um dia condizente, enfiado de si em todos os seus parâmetros :
-         Arredonda-se o sétimo bramido – assumiu Amadeu. Esquentam-se as noites vácuas e estreladas. Partiremos ao raiar do próximo dia.
-         O Bruxo retifica a prontidão da Montanha – percebeu Alonso. O solo debate-se entre as suas armadilhas, desfazendo-se dos nódulos na Abertura. Pede ao Príncipe que prontifique o Signo.
-         Que se irmanem os sete degraus do núcleo. Chegaremos munidos ao Contorno.
-         Divide-se em onze as consecuções do nódulo.
-         A Matriz envia-se ao Cosmo. Esquenta a terra com sua ironia, anseia por produzir o Altar do Santo.
-         A Consagração das Águas encontra-se entre o segundo e o terceiro manto. Partirá ao Povo um novo Regimento.
-         O Palácio será aberto sem solenidade. Chegará à deriva, quase bento, perfume marítimo de rosas, mãos quentes e nuas.
-         A Força vai encontrar sua marcha, sedimento e movimento, rastro na sombra do Pássaro.
-         Saberemos acolhe-lo como Pais valentes e desinteressados, olvidando-lhe o banho de sangue, sem arrombo de peito.
-         Se quisermos que se faça homem, viril e desvanecido, só poderemos oferecer-lhe alimento sólido, bem composto, digerido com mente nua e espírito livre.
-         Pois sejamos prestes. A senda da entrada é o Avanço. A Órbita fornece por onde não se miram as resistências.
-         Só assim poderá acolher o sonho aéreo da abstração dionisíaca.
-         Só assim corpo e espírito esquecem a cruel separação.

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