quinta-feira, 10 de maio de 2012

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O poema que não fiz


o poema que não fiz

despejei no coração

foi embora com a fumaça

lembro que era breve

cheirava ao perfume daquela flor que desconheço

mas esvaiu pelos vãos de meus dedos

quando tentei extraí-lo da correnteza de um rio

dizia das coisas pequenas

urgentes

daquelas as quais não nos damos conta

tinha o brilho sutil de uma estrela

e podia ser observado do meu telescópio

se a noite não estivesse nublada

mas a realidade dele fugia da própria ideia

porque era efêmero

como o último segundo de cada milênio

se você o encontrar

diga que sou saudoso dele

e ainda trago-o comigo

em minhas entranhas

1 Comentário

andre albuquerque

Uma forma de lirismo , para mim, diferente da observada em outros trabalhos teus, belo e inspirador.Abraço.André