segunda-feira, 16 de julho de 2012

1

Carta de um jovem ao poeta Nietzsche


O fino trato
que despendes com tua escrita
não merece o desfastio
dos ascetas.

Poeta,
mantém léguas
do itinerário dos justos.

O verso
que te arde as conjuntivas,
que faz suar as mãos sobre a mesa,
desgosta os santos.

Lembra-te de que
gostariam de  te extirpar
os olhos mas
te presenteiam com um sorriso.

Sempre soubeste
que poderias contar
com teus inimigos
(os bons e justos tudo temem)

Poderá existir alguém
mais fiel que um inimigo?



(do livro Rascunhos do absurdo - 2010)

1 Comentário

Tânia Du Bois

Caro Jorge,
gostei do poema, e se você permitir o citarei no meu texto sobre cartas.
Abraços,
Tânia.