- Imagem: Lucian Freud
eu respondia que sim, eu realmente me sentia
exausto àquela altura do caminho. Que esse corpo aqui sofria com certa erosão
do tempo. Já não gozava do vigor de outrora, sabe... Que tudo
me parecia na iminência de um grande colapso. E tudo eclodia desse instante
quebradiço, ali. Quase nesga de nada para tanto. Uma tarde quente, lembro. Eu
desabotoava a camisa, assim, e torcia para que aquele sol todo me fulminasse o
peito, feito num repente, e que não me fosse dado tempo bastante para ser salvo
por alguma providência divina. Ele, ao meu lado, me pedia um pouco mais de
esforço. Logo chegaríamos. Não faltaria tanto. E eu tentava meio que me lembrar
onde mesmo ansíavamos chegar, que propósito esse que nos impelia à tão
desgastante empreitada. Caminhávamos, tão somente. O cerrado, acho. E isso me
parecia ser tudo. Uma brisa quente nos varria a pele. Olhava-o e dizia que
depois de tudo eu gostaria mesmo de um banho de mar, que na infância minhas
tardes eram repletas deles. Mas o mar nos parecia algo improvável. Pergunto o
que ele desejaria depois de tudo. Ele nada me respondia. Nessa hora eu duvidava
de sua presença, como se esse homem que ali ia não passasse de um grande surto
de minha cabeça já afetada. Eu também me calava. E me perguntava por que... O
peito ardendo sob um sol de Agosto.
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