Acordei
quase sufocando, pois estava com algo dentro da boca que mal me deixava
respirar. Tentei levar a mão para tirar o que estava me incomodando, mas
senti meus pulsos fortemente presos um ao outro. A dor na região do pescoço era
forte. O que estaria acontecendo? Fui levantar–me, mas não consegui. Meus
tornozelos estavam fortemente atados um ao outro. E também bati com a
cabeça em algo que estava muito próximo. Aos poucos fui acostumando com a
obscuridade do lugar, e vi que estava no porão de minha casa. O local era
limpo, gostava de conservar tudo muito limpo, até o porão. Ainda bem, porque
agora estava deitada de lado, no piso de tijolos, toda amarrada. O que estaria
acontecendo?
Lembrei
que Fábio estava falando comigo no estacionamento do prédio onde trabalhava, e
depois não vi mais nada.
–
Fábio! Fábio! – gritei muito alto. Mas logo me dei conta que ninguém me
ouviria. Além da boca cheia de alguma coisa, aquele porão era no subsolo, com
paredes de cimento armado, com grossas lajes que serviam de piso para o térreo
da casa.
Precisava
pensar.
Por
que estaria ali amarrada como presunto? E Fábio como estaria? Será que ele
também estaria amarrado em algum lugar? Então ouvi vozes.
–
Será que ela acordou? Já faz dez horas que está desacordada. A pancada foi no
lugar certo, hein?
–
Todo trabalho deve ser bem feito, não é mesmo? Assim diz o chefe. – era outra
voz.
Fiquei
sem me mover. Precisava saber mais. Algo me dizia que eu estava sendo usada.
Então lembrei. OS HOMENS DA LIMPEZA! É claro. Não eram da firma de higienização
contratada pela instituição financeira que eu trabalhava. Por isso estavam
usando o elevador privativo. E o fato de eu estar ali amarrada devia ser pelo
motivo de ter tentado avisar meu chefe de que alguém estava usando aquele elevador. E Fábio? O que teria a ver com isso? A
resposta veio na hora.
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