–
Quando fizer algo, faça bem feito. Por que ela ainda está viva? – A voz era de
Fábio. Gelei mais do que já estava. Agora gelei por dentro.
–
Quem devia matá-la era você! – falou a primeira voz.
–
Não tive tempo. Precisei sair e tirar ela de lá rapidinho, ela havia conseguido
contato com o chefe.
–
É! Ela sempre foi muito eficiente. – essa voz eu conhecia também. De quem era?
–
Bem. Terminem o trabalho. Precisamos sair daqui rápido. O fato dela não ir ao
trabalho pode trazer alguém para verificar. Alguma amiga abelhuda, talvez. –
falou Fábio novamente.
–
Deixem comigo. – falou a outra voz conhecida.
De quem era mesmo essa voz?
–
Vamos então. Quando terminar saia e faça o que tem de fazer. – disse Fábio.
Ouvi a porta de o
porão bater forte. Então a voz conhecida falou em meu ouvido num sussurro.
–
Não tenha medo Luciana. Sou eu, Rafael.
Então
era dele a voz conhecida. Claro. Agora lembrei. Rafael veio trabalhar conosco
fazia alguns dias. Era um faz tudo. Estava em todos os lugares. Atendia todo mundo desde o térreo até o
terceiro andar. Corria o dia todo.
–
Você!? – falei com a boca cheia de pano, e meus olhos exprimiam minha raiva.
–
Fique calma. Sou da polícia civil. Estamos atrás desse bando faz algum tempo.
Infiltrei-me no bando para descobrir os golpes que eles vêm dando por aí.
Precisamos descobrir quem é o chefão.
Enquanto
falava, desamarrava meus pulsos e tornozelos e tirou de minha boca o pano que
quase me sufocava.
–
Precisamos sair daqui, vou levá–la a um lugar seguro, mas antes preciso por
fogo em sua casa. Não se preocupe. O seguro irá pagar. Mas os bandidos precisam
achar um corpo carbonizado nas cinzas, aqui no seu porão. Isto é. Você. – Ele
riu– mas é claro, não será você.
–
Jesus! E quem será? – perguntei.
–
A polícia já providenciou um corpo que não foi reclamado do necrotério do IML.
Assim, essa moça que ninguém quis depois de morta, irá salvar sua vida.
–
Está bem. Pobre moça! – disse sinceramente penalizada.
Saímos
para a sala da casa e meu coração ficou triste.
Aquela sala tinha sido o palco de uma história, que se contada poderia
ser uma bonita história de amor, mas que estava revelando-se ser um pesadelo,
baseado no que poderia ter sido um sonho.
1 Comentário
Menina, como é instigante a sua narrativa! Gostei muito da leitura. Vou buscar as anteriores.
Beijocas
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