terça-feira, 27 de novembro de 2012

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Enganos da Vida - Capítulo V


– Quando fizer algo, faça bem feito. Por que ela ainda está viva? – A voz era de Fábio. Gelei mais do que já estava. Agora gelei por dentro.
– Quem devia matá-la era você! – falou a primeira voz.
– Não tive tempo. Precisei sair e tirar ela de lá rapidinho, ela havia conseguido contato com o chefe.
– É! Ela sempre foi muito eficiente. – essa voz eu conhecia também. De quem era?
– Bem. Terminem o trabalho. Precisamos sair daqui rápido. O fato dela não ir ao trabalho pode trazer alguém para verificar. Alguma amiga abelhuda, talvez. – falou Fábio novamente.
– Deixem comigo. – falou a outra voz conhecida.
 De quem era mesmo essa voz?
– Vamos então. Quando terminar saia e faça o que tem de fazer. – disse Fábio.
Ouvi a porta de o porão bater forte. Então a voz conhecida falou em meu ouvido num sussurro.
– Não tenha medo Luciana. Sou eu, Rafael. 
Então era dele a voz conhecida. Claro. Agora lembrei. Rafael veio trabalhar conosco fazia alguns dias. Era um faz tudo. Estava em todos os lugares.  Atendia todo mundo desde o térreo até o terceiro andar. Corria o dia todo.
– Você!? – falei com a boca cheia de pano, e meus olhos exprimiam minha raiva.
– Fique calma. Sou da polícia civil. Estamos atrás desse bando faz algum tempo. Infiltrei-me no bando para descobrir os golpes que eles vêm dando por aí. Precisamos descobrir quem é o chefão.
Enquanto falava, desamarrava meus pulsos e tornozelos e tirou de minha boca o pano que quase me sufocava.
– Precisamos sair daqui, vou levá–la a um lugar seguro, mas antes preciso por fogo em sua casa. Não se preocupe. O seguro irá pagar. Mas os bandidos precisam achar um corpo carbonizado nas cinzas, aqui no seu porão. Isto é. Você. – Ele riu– mas é claro, não será você.
– Jesus! E quem será? – perguntei.
– A polícia já providenciou um corpo que não foi reclamado do necrotério do IML. Assim, essa moça que ninguém quis depois de morta, irá salvar sua vida.
– Está bem. Pobre moça! – disse sinceramente penalizada.
Saímos para a sala da casa e meu coração ficou triste.  Aquela sala tinha sido o palco de uma história, que se contada poderia ser uma bonita história de amor, mas que estava revelando-se ser um pesadelo, baseado no que poderia ter sido um sonho.

1 Comentário

Lílian Maial

Menina, como é instigante a sua narrativa! Gostei muito da leitura. Vou buscar as anteriores.
Beijocas