quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

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LUNA 11 - JANDIRA ZANCHI


O CARRO DO SOL  -  LUNA


11.

- Sinto-me capaz de voar por todos os mundos e cenários que a mente e a natureza são capazes de criar, Alado. As fronteiras de minha alma se abrem. Desabam as torres de manipulação da ansiedade. Acredito que sou apta – nesse estado de alegre lucidez – a enfrentar os nódulos e os corredores da involução.
- Esse deve ser um estar.
- Não conseguirei manter tão alegre vibração em todos os momentos.
- Não, no começo não. Vai depender do clima, do desgaste, do emocional.
- Não é possível vibrar tão bem em todas as circunstâncias ....
- Não, é possível. Existem exercícios que aperfeiçoam, outros que retomam. Também é necessário um controle da mente e uma constante observação da realidade, principalmente no que se refere ao que pode criar prejuízo para o teu bem estar.
- As condições em que devo passar a maior parte de minha vida serão diferentes.
- Isso é relativo, mantenho a mesma abertura e segurança em climas e condições adversas. Nossa visão da realidade sempre é subjetiva, própria de nossa realidade enquanto um ser. Você se inspira em paisagens românticas ou as torna – quando favoráveis – assim. Também admira os interiores de purgatório ou os de enlevo e rústicos. São escolhas tuas. Pode mudá-las ou adaptar e dar preferência - dentro de tua natural suavidade - aos pontos mais abertos. Dentre a variedade de seres que moram aqui, para cada um existem mutações, adaptações.
- Pois os vejo todos da mesma maneira.
- Como se dominados por mim e reflexos do meu ego.
- Já sei, sou eu que estou dominada por você.
- Também, mas não só – e ele assumiu um ar enigmático.
- São... são reais, não? – assustou-se.
- Quase todos.
- As mulheres bonitas com certeza.
- Nem todas eram belas quando chegaram aqui – ele sorriu.
- Você acha que estou mais bonita?
- Como se fosse possível – galanteou.
- Sempre vou fazer os exercícios que me ensinou, treinar no uso da espada e procurar os raios do sol para uma agradável exposição. Quanto às noites são longas conhecidas, sei converte-las em molduras e ascensão para diversos tipos de fins.
- Percebi isso.
- Então essa...
- Tem muito de você.
- Uma concessão que me fez.
- Sempre fazemos aberturas e concessões quando um relacionamento nos interessa.
- Conhecemos o que queremos.
- Sempre.
- E o deserto?
- Vamos atravessá-lo, mas não é teu tino ou teu destino permanecer nele. Vou te apresentar aos senhores que nos promovem. Movem a terra e o céu em órbitas perfeitas.
- Os que bem se movem na planície.
- Pois souberam domar as vertigens do medo e do desejo.  Aceitaram a forma e o tempo.
 

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