O CARRO DO SOL - LUNA
11.
- Sinto-me capaz de voar por todos
os mundos e cenários que a mente e a natureza são capazes de criar, Alado. As
fronteiras de minha alma se abrem. Desabam as torres de manipulação da ansiedade.
Acredito que sou apta – nesse estado de alegre lucidez – a enfrentar os nódulos
e os corredores da involução.
- Esse deve ser um estar.
- Não conseguirei manter tão alegre
vibração em todos os momentos.
- Não, no começo não. Vai depender
do clima, do desgaste, do emocional.
- Não é possível vibrar tão bem em
todas as circunstâncias ....
- Não, é possível. Existem
exercícios que aperfeiçoam, outros que retomam. Também é necessário um controle
da mente e uma constante observação da realidade, principalmente no que se
refere ao que pode criar prejuízo para o teu bem estar.
- As condições em que devo passar a
maior parte de minha vida serão diferentes.
- Isso é relativo, mantenho a mesma
abertura e segurança em climas e condições adversas. Nossa visão da realidade sempre
é subjetiva, própria de nossa realidade enquanto um ser. Você se inspira em
paisagens românticas ou as torna – quando favoráveis – assim. Também admira os
interiores de purgatório ou os de enlevo e rústicos. São escolhas tuas. Pode
mudá-las ou adaptar e dar preferência - dentro de tua natural suavidade - aos
pontos mais abertos. Dentre a variedade de seres que moram aqui, para cada um
existem mutações, adaptações.
- Pois os vejo todos da mesma
maneira.
- Como se dominados por mim e
reflexos do meu ego.
- Já sei, sou eu que estou dominada
por você.
- Também, mas não só – e ele assumiu
um ar enigmático.
- São... são reais, não? –
assustou-se.
- Quase todos.
- As mulheres bonitas com certeza.
- Nem todas eram belas quando
chegaram aqui – ele sorriu.
- Você acha que estou mais bonita?
- Como se fosse possível –
galanteou.
- Sempre vou fazer os exercícios que
me ensinou, treinar no uso da espada e procurar os raios do sol para uma
agradável exposição. Quanto às noites são longas conhecidas, sei converte-las
em molduras e ascensão para diversos tipos de fins.
- Percebi isso.
- Então essa...
- Tem muito de você.
- Uma concessão que me fez.
- Sempre fazemos aberturas e
concessões quando um relacionamento nos interessa.
- Conhecemos o que queremos.
- Sempre.
- E o deserto?
- Vamos atravessá-lo, mas não é teu
tino ou teu destino permanecer nele. Vou te apresentar aos senhores que nos
promovem. Movem a terra e o céu em órbitas perfeitas.
- Os que bem se movem na planície.
- Pois souberam domar as vertigens
do medo e do desejo. Aceitaram a forma e
o tempo.
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