quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

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LUNA 12 - JANDIRA ZANCHI


O CARRO DO SOL  -  LUNA
 
12.

- Por que devemos fazer essa viagem, Alado? – Mona amanhecera insegura, distante daquela paisagem luminosa que cada vez parecia mais próxima do deserto.
- Teu corpo está aberto, alegre, simplificado dos vácuos inconscientes.
- Não entendo, estivemos trabalhando a matriz, a totalidade, a irradiação... Estamos no inconsciente, como estou livre dele?
- Mona....
- Por isso, ele não está assombrando, sendo a voz que está em tudo. Sabe, acho que as vezes a voz não é dele.
       Alado apenas sorriu, ela entendeu que não cabiam comentários.
- E é não escuro...- ela continuava.
- Não na luz do dia, o ser comemora a vida.
- E como é astuto...
- Percebe?
- Parece que sei tudo, são minhas as vozes, as almas, também são claros os perigos. Porém, nenhum temor da morte ou da surpresa. Nem da imensidão. São assim os animais?
- Sem temores por antecipação.
- E porque esse sentimento de densidade, pressão...
- Ativou demais tua matriz, ela te engole de certa forma.
- A morte é assim, não é?
- Talvez.
- Não me acha apta...
- Quando for saberá sozinha.
- Não, a expansão é mais vertical, nela tem seres leves, sem esse cordão e tanta força no ventre.
- Vamos, então, para o consciente, aquele que se situa na lucidez e no aéreo voo do Apolo dourado.
- O Carro do Sol...
- Aonde o conhecimento não retrai o espírito, antes, traz a bonomia e a satisfação, sem arranhar o corpo e a mente.
- A matriz, a fera, te ergue, o segundo, o bento, te lava, o terceiro, filho do ar e da forma, enfim, levita e sonha.
- E constrói, pois, é superfície desligada do caos.
 

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