A linguagem e o objecto
Sons sem sentido são casas por ocupar.
Toda a palavra está grávida de uma pergunta.
-Uma das limitações da literatura é a necessidade de um sistema pré-existente, de um código de entendimento, de uma língua. Sem o referente as palavras são inócuas.
A pintura, por sua vez, tem as cores e com as cores cria os objectos e sobre estes se criam palavras. A pintura pode, também, emancipar-se do real e, sem referente, destapar o que as formas escondem. A significação é criada e alimentada pelo homem.
Em todas as expressões artísticas há uma presença divina, mesmo quando negada. A procura da transcendência é isso mesmo: a percepção da solidão humana perante a surdez de um pai e a mudez de uma mãe.
A criação artística é uma pergunta.
A depressão
A pele da janela estilhaça-se nas mãos ausentes da solidão. A lucidez ri-se
do negro puro dos olhos do homem.
A luz espreita e tem medo de entrar, enquanto a mão, presa numa teia química, luta para querer sair.
A luz espreita e tem medo de entrar, enquanto a mão, presa numa teia química, luta para querer sair.
Olhos como poças no alcatrão. Olhos que reflectem o
exterior e se deixam trespassar pelo vazio da alma.
Olhos desumanos.
1ª foto: 'The Language Stone', Saltwell Park, Sculpture in white marble by Gordon Young (b. 1952, Carlisle).
2ª foto: Loneliness H 34 cm 2008 Foto de Roland Neveau
1 Comentário
Mário,
Gostei Muito de Sua Apologia!
Especialmente de "A linguagem e o objeto".
E, principalmente, do seguinte trecho: "Em todas as expressões artísticas há uma presença divina, mesmo quando negada. A procura da transcendência é isso mesmo: a percepção da solidão humana perante a surdez de um pai e a mudez de uma mãe."
Parabéns e Um Forte Abraço! Jorge
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