terça-feira, 16 de abril de 2013

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Sobre o sono



Dormir. A necessidade que se impõe. Mas o corpo nega. Nega o dormir. O corpo é escravo. Condicionado. O descanso já não é. Vital é o trabalho. O suor. A loucura do trabalho. O descanso é concessão negada ao corpo marcado por um época. Ao corpo se concede só o trabalho. O prazer imenso de lavorar. Lavoura da vida. Colher  e plantar... e vender tudo e fazer uma grana.
Produzir. Eis a questão. A vida se resume ao produzir e consumir. Até a vida. Feita, artificial. Produzimos esta vida, este jeito de estar na vida.  Nossa voz solidifica um discurso que habilita esse formato, esse jeito de viver. Criamos também a necessidade, produzimos o desejo. E vendemos as coisas e as relações que essas coisas produzem. A grande indústria. E não são eles, somos nós. Cidadão-consumidor que somos. Olhos brilhantes de querer gastar e ter. comprar as coisas e os modos de vida que elas produzem.
Acreditamos nisso. Mesmo. Viver é produzir e consumir. E eu tenho sono. Imenso sono que enfia seus braços pelos meus olhos vermelhos que não fecham... nem abrem. Entre-meio.
Meu corpo está amalgamado na pele que visto. Que habito. Artificial. Guarda-roupa cheio de peles, de outros peles. Outros Eus?
A cama é parada temporária, 

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