terça-feira, 9 de julho de 2013

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ETIMOLOGIA

ETIMOLOGIA
Lílian Maial
 
 



O sussurro do vento
frágil bálsamo da morte
como um étimo
atravessando a noite.

A palavra projeta-se no
silêncio
da pedra

um gorjeio mouco
um gesto parco.


E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera

de pegadas de fogo.O verbo incinerado calcina a veia
onde o sonho coagulado
trombosa a manhã.

Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,

a vida e o tempo.

Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz

e semente.
O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito

doutrina de origens
parto.
A paz beira a loucura
da hora e da pedra.


Carece o hoje de inferno e grito.

A palavra salta da garganta para o eco
na aridez do cacto
à procura de seu lugar.


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