domingo, 7 de julho de 2013

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Impreciso coração

Eu chovo, tu choves, ela chora
pobre de mim, criatura insensata
lavei os medos e os sentidos todos
naquele aguaceiro sem fim
deu dó ter esquecido os compassos
daquele velho fado lisboeta
pois que os dedos já não alcançavam
a velocidade necessária ao bandolim
enquanto o coração entristecido
fazia de conta que ainda era Abril
e as andorinhas saudavam o poeta
na sua passagem matutina rumo ao porto.
 
Eu calo, tu calas, ela canta
um lamento pequenino e cortante
uma dor  que se oculta em esperanças
perdidas no cume de uma montanha
onde sábias ovelhas observam
nossa pseudo-sabedoria humana
dissolvida em crenças arraigadas
e goles e mais goles de vinho tinto
num piquenique interminável
em meio a uma paisagem surreal
surtada em inspirações impressionistas
psicodelicamente embriagadas.
 
Eu movo, tu moves, ela mora
agora apenas em meus sonhos.

2 comentários

Lílian Maial

Eu gosto, tu gostas, ele mostra (o poema) uma graça musical. ;)

Jorge Xerxes

Amigo Betusko:

Um Poema Genial!!

"*..
deu dó ter esquecido os compassos
daquele velho fado lisboeta
pois que os dedos já não alcançavam
a velocidade necessária ao bandolim
uma dor que se oculta em esperanças
.*.
perdidas no cume de uma montanha
onde sábias ovelhas observam
nossa pseudo-sabedoria humana
..*
agora apenas em meus sonhos"

Muito Bom Você Por Aqui!!

Um Grande Abraço, Jorge