Os olhos perdem-se na curvatura do ar que, por sua vez, se sujeita aos
contornos dos objetos vazios que preenchem o ambiente. Os corpos, perdidos nas
obrigações profissionais, circulam o ar com seus movimentos e respirações
suarentas, sem perceberem o que fazem. Risos e falas constroem á parte um mundo
subjetivo de sentimentos e idéias de sonhos nem sempre catalisado na esperança
de concretizá-los. São partes de experiências que cada um vai acumulando nas
veias as quais, pulsam freneticamente. Experiências nem sempre entendidas como
experiências mas, como obrigação, tanto profissional como social. Mesmo que
essas experiências estejam encravadas na carne, carregadas desde os primórdios
dos tempos, mesmo que seja uma herança dos nossos antepassados, não deixam de
serem experiências. Quando deparamos com um desejo, - nos primeiros anos de nossa
vida temos apenas desejos -, às vezes surpreendidos por não entender, ficamos
por instantes amedrontados, assustados, e acabamos por agir inconscientemente e
impulsivamente.
Entrando na adolescência, vamos nos surpreender com os primeiros
impulsos de desejos, excitamento, amor, desamor, ódio, raiva, vingança... E quando
deparamos como toda essa amalgama de situações, ficamos perdidos, sem saber o
que fazer. É claro, estamos repetindo as mesmas situações que nossos avôs,
tataravôs passaram, apenas numa situação diferente, num clima diferente, numa
sociedade completamente diferente, mas que não deixa de ser uma experiência
inédita para nós.
O bom filósofo é aquele que sabe explanar suas ideias, seus conceitos. Ou
seria dizer: o bom escritor. Porque ele pode-se dizer escritor, mas filósofo
está longe disso.
A vida é uma sucessão de atos e gestos que vamos ao dia a dia
concretizando. Vamos assim, criando uma composição surda de melodias
impregnadas de pequenas partículas de atividades. Somos compositores de nossas
próprias melodias que tangendo a corda do espaço, vibramos, às vezes, em
sintonia com outras cordas interagindo ou não com elas.
Assim é a vida, assim caminha a podre humanidade.
pastorelli
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