sábado, 8 de novembro de 2014

0

DELMA NÃO SABIA





O que tem a dizer sobre as denúncias do esquema de propina na Petrobras, onde 3% de todos os contratos ficavam para o seu partido?

No que se refere a essa história da capa da Veja, eu devo dizer que... falar que o PSDB varre tudo pra debaixo do tapete. Falar do mensalão tucano, falar da falta de água em São Paulo, falar do desemprego no tempo do Fernando Henrique. Falar do escândalo das privatizações e da emenda da reeleição. Falar que no meu governo tudo mudou pra melhor, e que, com o projeto “Brasil Carinhoso”, milhares de famílias...

A senhora não respondeu à pergunta. Essas folhas aí que a senhora está lendo provavelmente eram a sua “colinha” para os debates... me parecem lembretes para orientá-la...

Ai, meu Deus, que cabeça a minha. Tem razão. Ai, ai, ai... Deixa eu pegar o papel certo aqui, só um momento... Então, no que se refere à resposta que você me pede, se eu disser que não sabia de nada dessa história, seria uma inverdade. Eu desconfiava, sim, mas não tinha provas ou não queria aceitar que estava cercada de Iscariotes os mais variados. É como uma mãe, que sabe que o filho está metido em tráfico de drogas mas no fundo acredita que ele só sai de casa pra ir à escola dominical, compreende?

E quanto a todas as outras acusações de corrupção e mau uso do dinheiro público, envolvendo ministros e assessores diretos?

Pois é, no que se refere a isso tudo a que você se refere, eu fiquei passada quando a coisa foi pipocando na mídia. Ensandecida, fui me aconselhar com o Suplicy, que em questão de honestidade está acima de qualquer suspeita. Cheguei no apartamento dele em hora imprópria. Estava muito ocupado, de robe de chambre e com o rosto besuntado de creme esfoliante, redigindo a nova versão do projeto Renda Mínima. Cheguei e já fui destilando minha ira. Senti que ele me escutava, mas não ouvia. Depois que contei meu dilema ético, ele virou pra mim, baixou um pouco os óculos e disse apenas, com aquele seu olhar de ET da terceira idade: “Delma, o nosso partido jamais faria uma coisa dessas. Ponho minha mão no fogo, ponho o meu projeto de lei no fogo, eu toco fogo no Supla se for preciso!”. Dito isso, ele passou mais uma boa demão de esfoliante nas orelhas e no nariz, e em seguida insistiu pra que eu lesse um whatsapp cheio de segundas intenções, que ele queria mandar para a Joan Baez, antigo e ilustre affair. Lembro que a mensagem falava qualquer coisa sobre renda mínima, de que ele queria ver a renda mínima dela, algo assim.




Ainda no que se refere a essa história, eu disse aos companheiros que, se as acusações tivessem fundamento, teríamos que procurar os culpados e cortar na carne. Nesse momento o Lulinha entrou aos berros no gabinete, não se sabe de onde, dizendo que podia cortar qualquer carne, menos a Friboi. Não entendi o que tinha a ver uma coisa com a outra, porque o rapazinho, que eu saiba, nunca lidou com esse negócio de pecuária e frigorífico. É quase uma criança, até outro dia mesmo só mexia com games.

Consta que seu comando de campanha enviou mensagens SMS aos beneficiários do Bolsa Família, afirmando que o benefício iria acabar caso o governo Delma não continuasse. É verdade?

No que se refere a isso, eu acho que quem tem celular pra receber SMS não precisa receber Bolsa Família. Ou seja, se o sujeito recebeu a mensagem, ele não era o público-alvo dela. Pensa bem, meu marqueteiro não iria ser burro a ponto de montar uma estratégia tão ilógica.

Qual a sua versão sobre o uso dos Correios para distribuição de propaganda política do PT?

No que se refere a essa questão epistolar, a grande verdade é que não tem nada demais nisso. Se o carteiro vai ter que ir na casa do cidadão entregar carta, já aproveita a viagem e entrega um papelzinho nosso. Que é que tem de mais? Veja bem, ninguém tá mandando o carteiro nas casas dos brasileiros e brasileiras só pra entregar a propaganda... Aí sim, seria safadeza.

Muitos analistas sustentam que o seu know-how no assalto aos cofres públicos vem dos tempos da ditadura, como assaltante de banco...

No que se refere a esse mau passo involuntário, eu era contra a ideia desde o começo. Mas fui coagida por um companheiro, vulgo Bola Sete, a participar. Acabei concordando quando me afiançaram que eu ficaria só na retaguarda e que o revólver era de espoleta.


© Direitos Reservados

Seja o primeiro a comentar: