domingo, 27 de setembro de 2015

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SÔNIA PILLON - BIENVENIDA A URUGUAY


O relógio marcava em torno de sete horas quando o ônibus fretado pela agência de “aventurismo” de Porto Alegre adentrou no território uruguaio, na ensolarada manhã de 5 de setembro de 2015. Eu estava chochilando na segunda fila do andar de cima do veículo quando abri os olhos e comecei a ver a planície do pampa uruguaio. Nas haciendas (fazendas), várias cabeças de gado bovino se mantinham espalhadas pelo pasto. Parte da grama se encontrava seca, castigada pelas sucessivas geadas. À medida que o sol começa a ficar mais forte e o veículo avança, matas de eucaliptos se tornam mais visíveis e o número de outdoors à margem da rodovia vai aumentando.

Inevitavelmente, fico procurando semelhanças e diferenças com o Uruguai que encontrei pela primeira vez, há exatos 30 anos, quando viajei ao vizinho país ao lado de minha mãe. Lembro que naquela ocasião, me chamou a atenção o número de carros antigos (para não dizer sucateados) que circulavam pelas ruas, uma situação que parece não ter mudado muito de lá para cá. Com a economia combalida, os contrastes sociais se evidenciam, principalmente se o visitante fugir um pouco dos roteiros turísticos tradicionais “para inglês ver”.

São dois mundos que convivem em um mesmo espaço territorial. Punta del apresenta um Uruguai “dos ricos”, com suas mansões, edifícios de alto padrão e embarcações de luxo, ao porto. Um dos pontos turísticos mais visitados é o monumento “Los Dedos”, parada obrigatória para quem chega ao balneário, que pertence à Intendência de Maldonado. Já em Montevideo a opulência e a pobreza convivem lado a lado. A mendicância dos excluídos é encontrada em todo o canto, especialmente na Ciudad Vieja e nos arredores do porto, em meio a prédios em ruínas e à aparência de abandono das ruas.

Porém, mesmo com seus problemas, o Uruguai mantém uma certa “decadência charmosa”, que segue encantando os turistas e por isso é considerado um dos roteiros mais procurados da América do Sul, pela arquitetura, gastronomia e simpatia de seu povo.

Caminhar pelas ruas centrais de Montevideo é se surprender em cada rua, em cada esquina. Impregnada de História, a cidade impressiona com seus monumentos (a maioria dedicados aos heróis nacionais, como José Artigas e figuras clássicas da Mitologia Grega), praças e edificações imponentes. Apresenta semelhanças com a capital gaúcha, Porto Alegre, no extremo Sul do Brasil. Aliás, gaúchos são considerados também os uruguaios e argentinos, com seus costumes e hábitos semelhantes, relacionados à criação de gado e ao consumo do chimarrão. Em se tratando da erva-mate, chama a atenção o grande número de pessoas que passeiam pelas ruas com o chimarrão e a garrafa térmica com a água quente, pronto para ser degustado em qualquer hora e lugar.

No domingo de 6 de setembro, véspera do Feriado da Independência, no Brasil, não por acaso, a cidade parecia ter sido “invadida” por brasileiros, que se espalhavam pelas lojas, feira livre e restaurantes. Na extensa calle 18 de Julio, onde se concentra um grande número de lojas, griffes de marcas famosas são encontradas a preços bastante “salgados”, de até três vezes mais caros do que os praticados no Brasil.

Em meio à caminhada, destaque para a estátua metálica que reproduz o saudoso cantor Carlos Gardel, junto a um Café, e a Fonte dos Cadeados, onde os casais apaixonados fazem pedidos prendendo um cadeado com seus nomes gravados. Outro ponto é a Plaza de los 33 presta uma homenagem aos heróis que forjaram a Independência do Uruguai.

Como toda a Feira Livre de domingo, a de Montevideo é variada: desde frutas, alimentos feitos na hora, artesanato, animais exóticos, antiguidades e artigos para colecionadores, como discos de vinil, livros e revistas.  É preciso bater perna e gastar a sola de sapato por horas para percorrer todas as barracas, porquea feira se estende por várias ruas que cortam a 18 de Julio. Ali se encontra de tudo, inclusive panelas quebradas e louças lascadas...

Outro fator que chama a atenção: o péssimo estado de conservação de alguns veículos utilizados pelos feirantes (caminhões e caminhonetes usados no transporte das mercadorias), que com certeza não poderiam circular pelas ruas brasileiras sem serem apreendidos, e seus donos multados.
Decido comprar uma bolsa de lã colorida confeccionada por indígenas uruguaios, ao preço de 250 pesos uruguaios (cada peso uruguaio correspondeu a R$ 0,14.5, pela conversão que fiz em uma casa de câmbio em Porto Alegre). Mais adiante, compro cinco maçãs: 30 pesos uruguaios. De maneira geral, a alimentação é cara: uma refeição pode variar de 200 a 500 pesos, dependendo do que o onde é consumida. Portanto, é bom estar preparado, caso decida colocar o Uruguai em seu roteiro sulamericano.

* Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre e radicada em Jaraguá do Sul (SC). É membro imortal da Academia de Letras do Brasil (ALBSC) Seccional Jaraguá do Sul. Foto: Acervo pessoal Sônia Pillon



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