sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

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Dificultoso labirinto.


Não tendo a paciência de uma dor, qualquer que seja, da mais insignificante até a mais pavorosa, incrustada no rosto, na face, no peito, nas costas, na virilha, onde for física ou abstrata, audaciosa ou acanhada, ela, a dor, faz parte dos seus passos, em pequenos atos delineados pelas quadriculadas divisas das chapas de cimento da imensa calçada.

Distraído, inconsequente, chuta, às vezes pisa, em pequenos nacos de carnes espalhados em determinados cantos e marquises dos edifícios mortos, onde os vivos se refestelam na carnificina a ostentar, com orgulho, a coleira de prisioneiro oito horas por dia.
Detestando a dificuldade, filtra na pele da mão a raiva intempestiva recolhendo a mágoa como quem bebe, a doce e refrescante água, que escorre entre os dedos da mão em concha.

E chora a dor do sofrimento, sangrando acordes cuja música se infiltra em seu ouvido ensurdecendo-o momentaneamente da realidade.
Assim, se fecha no intricado labirinto da angústia a espera da morte.

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