Os parentes de Carlita foram avisados de sua morte, mas, como acontecia inúmeras vezes, ninguém veio para levar o corpo. Quando isso acontecia, o asilo se incumbia do féretro.
Fui designada para arrumar os pertences de Carlita. Era pouca coisa. Alguns vestidos, roupas íntimas, meias de lã, um casaco e um xale. Tudo muito velho e desgastado pelo uso. Fui tirando da gaveta da cômoda que lhe era destinada, e colocando dobrados dentro de um cesto de vime. Quando terminei com as roupas, peguei uma velha caixa de sapatos que estava com um elástico amarelecido servindo de fecho. Pensei: Será que devo abrir? Acho que não. Ela nunca havia mencionado nada sobre a caixa e seu conteúdo, embora cada vez que eu arrumasse as gavetas, a tirasse do fundo para limpar o pó.
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