segunda-feira, 14 de março de 2011

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CORTE

Como se põe a declarar

Por amplas gargantas
Sua linda dona Ana,
A tornar-se senhora Juvenal
Tão logo desprendam-se das figueiras
As folhas: choque de gestão!
Damas ilustres circundam
Seus domínios pelo município
Ensebando-o com seus doces
Sorrisos flutuantes e saias de tule.
Avisemos, a socorro,
Todos os homens lúcidos que ainda respiram –
As ruas nunca permaneceram tanto a observar
Seus encantadores passos de bailarina.
Tal que moleques das mais tenras juventudes
Esqueceram as peladas de todos os dias
E puseram-se a realizar no passeio
Os mais toscos salamaleques,
Na esperança de tomarem nos braços
Seus corações velados.
Inúteis tentativas de sobriedade
Ante a anunciada loucura
Aquela que arrebata todos
Os fígados e os ventres.
A breve lucidez do gozo
Embebido em suor
A doce demência do amor
Fadado à eternidade.



Mariela Mei é escritora. Bloga em GraçaDesgraça.com

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