quarta-feira, 30 de março de 2011

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GENESIS 2011 DC

E eis que então, cansado do tédio celestial, o Supremo Todo Poderoso resolveu inventar o Homem. Batizou-o com o nome de Adão, que não quer dizer “Pai dos Homens” coisa nenhuma, mas sim Nuinho da Silva.
Pois é. Sem nunca ter trabalhado um só minuto em sua breve existência, Adão – ou Nuinho, como queiram – já pisou nestas terras como o maior latifundiário de que se tem notícia. Exercendo o seu direito de ir e vir, ia e vinha pelos campos e vales, avenidas e vielas, sempre com flores perfumadas adornando seus lindos cabelos encaracolados. Mesmo pelado – ou nuinho – não sentia frio nem calor, tudo isso, claro, graças ao sofisticado sistema de ar-condicionado instalado pelo Supremo no Jardim do Éden – ou Paraíso, como queiram.
Pois é de novo. Toda essa felicidade, porém, toda essa viadagem quase angelical (Adão era bem chegado a um colóquio meio libidinoso com os bichinhos da floresta...), levou o STP a ficar assim assim preocupado. Sua cria ia de mal a pior, passava horas e horas se admirando no espelho das águas numa espécie de antecipação a Narciso e sua liberdade no modo de andar era de causar inveja a uma passista de escola de samba. Por isso o desespero divino: o menino precisava ocupar o seu tempo ocioso com algo mais edificante. Mas com o quê? Um anjo deu a dica:
- Bota lá uma mulher com ele antes que aconteça o pior. Do jeito que vão as coisas, ele é bem capaz de conhecer todos os bichos da floresta menos a aranha. Já imaginou a vergonha no futuro?
Idéia genial. O STP não vacilou: botou sua cria pra dormir à força de uísque paraguaio e com um peteleco bem dado arrancou-lhe um belo naco da nádega (ou bunda, como queiram). Com essa carne tenra e macia modelou a Miss Éden, que o mundo aprendeu a chamar de Eva, que não quer dizer “Mãe dos Homens” coisa nenhuma, mas sim Peladona da Silva.
Tava ali então a dona Peladona à disposição de Adão, guapo nunca antes vislumbrado por ela (claro!), exemplo único de virilidade macha. Acontece, porém, que o guapo não acordava de jei’ninhum, amortecido que estava pelo veneno dito anestésico. Eva pacientemente esperou três quatro segundos e por fim desistiu, cansou de esperar pelo bofe que bufava a sono solto. Percebeu que seu homem demoraria muito muito para acordar e que quando acordasse não iria dar no couro por causa da bruta ressaca. E por isso ela resolveu dar uma voltinha pelas redondezas.
Caminhando bucolicamente pelo bosque (não era floresta?), ouviu de repente um psiu. Voltou o rosto e os peitos na direção do chamado e se deparou com aquela coisa espetacular, sinuosa, deslumbrante, maravilhosa: a cobra. Não deu outra: foi amor à primeira vista, love at first feel. Eva se encantou pela cobra a cobra se encantou pela Eva e não demorou muito para os dois se encontrarem completamente enroscados numa paixão digna de Roliúdi.
Foi aí que surgiu Adão, tadinho. Colérico, espumante, a cabeça doendo em razão da ressaca e da repentina galharia, ele não pensou duas vezes: com o corpo da cobra fez um laço e com o laço enforcou a jovem e bela Eva, sangue do seu sangue, carne da sua bunda, pedaço de mau caminho nunca trilhado, vaca amante de cobra.
E assim a história seguiu outros caminhos. Adão, dizem, embrenhou-se na floresta (não era bosque?) e as más línguas dão conta de que ele juntou seus galhos com os galhos de um veadinho chamado Bambi. Ninguém nunca provou isso, é claro, mas quem é que, nos dias de hoje, depois de tanta baboseira, pode afirmar que não foi isso mesmo o que aconteceu?

1 Comentário

Anônimo

Divirtidissimo mas divertido porém é o fim do guapo que não podia ser diferente.Abraços Parreira