A diretora me dispensou e disse que todos os trâmites estavam sendo feitos pelo advogado do estabelecimento, e que assim que tudo estivesse pronto, eu seria comunicada.
Fui chorar no jardim. E sentada no banco preferido de Carlita deixei as lágrimas correrem. Agora teria onde morar e poderia ter algumas roupas melhores, graças a uma pessoa a quem cuidei durante um ano de minha curta vida. Continuei chorando por Carlita a quem me apeguei como se fosse sua filha, ou algo parecido. As outras duas eu as amava também. Mas ela era tão quietinha, tão meiga, que todas as pessoas a estimavam. Eu mais que todos. E agora mais ainda. Poderia ter sido um parente dela o herdeiro. Um filho, um neto ou bisneto, quem sabe. Até mesmo o asilo, a diretora, ou outra atendente. Mas era eu que estava a seu lado quando morreu.
No canteiro de flores em frente ao banco preferido dela, por entre as lágrimas, vi Carlita sorrir para mim e dizer: ‘Aí está toda minha vida’.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário